Nunca
Não te apaixones por uma mulher que lê, que sente o mundo à flor da pele, por uma mulher que escreve, porque ela se expressa além das palavras, nas entrelinhas do que não dizes.
Não te apaixones por uma mulher culta, que conhece a magia das ideias, que delira com as possibilidades do impossível, que dança na fronteira entre a sanidade e a loucura.
Não te apaixones por uma mulher que pensa, que tem plena consciência do que sabe e que, ao mesmo tempo, sabe voar com a mente. Uma mulher que se confia ao vento dos seus próprios sonhos e não teme a queda.
Não te apaixones por uma mulher que ri com a alma ou que chora com a mesma intensidade. Que consegue transformar a fragilidade da carne em força espiritual, em algo que transcende o visível. E, acima de tudo, não te apaixones por uma mulher que ama poesia, pois são essas as mais perigosas: elas veem a beleza onde os outros veem caos, e vivem num universo que só elas entendem.
Não te apaixones por uma mulher que se perde em pinturas, que passa meia hora a contemplar o silêncio de uma tela, ou que não sabe viver sem o compasso da música. Ela sentirá o mundo de uma forma que nunca compreenderás por completo.
Não te apaixones por uma mulher rebelde, que desafia as convenções, que tem horror às injustiças e que se levanta contra aquilo que fere a sua alma. Uma mulher assim tem a força de uma tempestade e a delicadeza de uma brisa.
Não te apaixones por uma mulher intensa, que vive cada momento como se fosse o último, que brinca com as palavras, que é lúcida e irreverente, que não teme quebrar as regras que limitam a sua liberdade. Porque uma mulher assim é um universo em si mesma, e, se te apaixonares por ela, não será ela que ficará presa a ti, mas tu que ficarás preso a ela, seja qual for o desfecho.
Não queiras te apaixonar por uma mulher assim. Porque, uma vez apaixonado, se ela te ama ou não, se fica contigo ou segue o seu próprio caminho, de uma mulher assim, nunca conseguirás escapar. Ela viverá em ti para sempre.