Alma

 No perfume de uma flor, senti a minha alma dissolver-se, perdida numa fragrância que  envolveu-me de forma irresistível. Caminhava sozinha, imersa num silêncio profundo, quando esse perfume trouxe-me de volta a mim mesma, embora transformada. Era como se cada pétala guardasse um segredo antigo, e ao inalar aquele aroma doce e melancólico, algo em mim  desfez-se. A minha alma, por instantes, deixou de ser minha.

Mas não fiquei perdida por muito tempo. Encontrei-a refletida em outras almas, igualmente errantes, que vagueavam pelo mesmo labirinto invisível. Eram almas que, como a minha, carregavam sonhos, cicatrizes e saudades. E foi nesse encontro, entrelaçada a essas vidas também desfeitas e reconstruídas, que percebi: não estava só. Nos olhos de cada uma delas, encontrei ecos de mim mesma, em suspiros que se transformaram em mil versos de amor.

Cada verso, escrito com o perfume daquela flor, era um lembrete de que, mesmo perdida, a alma sempre encontra uma forma de  redescobrir -se — nas palavras, nos olhares, nos gestos partilhados. E, no fundo, a beleza de estar perdida é a promessa de que nos encontraremos de novo, sempre, em algum lugar ou em alguém.

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