Guarda as palavras
Recorda as tolices que dissemos, as conversas sem sentido que nos arrancaram sorrisos, e também os planos que fizemos, mesmo os que nunca vimos acontecer. Porque, de alguma forma, esses sonhos, mesmo não realizados, pertencem-nos.
Se amanhã souberes que já não estou cá, guarda a minha voz, aquele som que se entrelaçava com o teu riso, que ecoava nos momentos de alegria. E não te esqueças do meu sorriso, aquele que se moldava ao teu, cúmplice. Lembra-te também do abraço que partilhámos, o abraço que me fez sentir que, por um instante, o coração ia saltar do peito, porque estar contigo era como encontrar um lar, mesmo sem precisar de palavras.
Guarda as verdades que te ofereci, nuas e sinceras, sem filtro. E perdoa-me as falhas, aquelas que vêm de ser humana, das vezes em que fui menos do que deveria, ou mais do que querias. No fim, somos todos frágeis, e o amor, na sua essência, é imperfeito, mas é também verdadeiro.
Se amanhã eu não acordar, lembra-te que foste o meu primeiro pensamento da manhã e o último antes de adormecer. Todos os dias. Sorri, porque, em cada parte de mim, em cada pedaço de pele, tu estiveste presente, de forma invisível mas inegável. Tu és parte de quem eu fui e, de algum modo, sempre serás.
E se, por acaso, amanhã eu não estiver mais aqui, guarda com carinho a certeza de que eu sempre gostei de ti. Que isso te sirva de consolo nos dias mais sombrios, e que, de alguma forma, essa verdade continue a aquecer-te, como o sol que nunca se apaga, mesmo quando a noite parece longa.
Sabe que, em cada gesto, em cada memória, em cada silêncio, eu continuo a estar aí, ao teu lado. E, de uma maneira ou de outra, o que vivemos, mesmo que não seja mais palpável, continuará a existir em ti, porque te amei, e isso jamais deixará de ser verdade.