Aos que lêem – e aos que se doem
Sei que não tenho enviado os textos. Sei, sim. Não é esquecimento. É escolha. Por vezes o silêncio é mais eloquente que o verbo, e há fases em que a quietude da mente serve mais à lucidez do que a compulsão por partilhar. Mas agora, neste breve intervalo entre o caos e a contemplação, escrevo. Para os que sentem saudade daquelas palavras que, dizem, confortam. Para os que se nutrem da minha exposição como se fosse espelho. É curioso: recebo mensagens comoventes, cheias de ternura e gratidão, de quem se vê nos meus textos como se fossem confissões suas. Como se eu desnudasse as suas dores com a precisão cirúrgica de quem conhece o fundo do abismo. E conheço. Agradeço de alma cheia a esses — os que se encontram nas entrelinhas, os que compreendem o sentido por trás do sarcasmo, os que sabem que cada frase tem mais de faca que de flor. Mas hoje escrevo sobretudo para os outros. Para os que se incomodam. Para os que se irritam. Para os que dizem que “não é bem assim”. Para os que se s...