À Beira do Abismo Interior
Há momentos em que sinto que corro há demasiado tempo, como se o simples ato de respirar se tornasse uma batalha. O cansaço, invisível aos olhos dos outros, consome-me por dentro. Há uma guerra constante entre o meu coração e a minha mente, uma luta silenciosa e implacável. Nem sempre o conflito deixa marcas visíveis, nem sempre há sangue derramado, mas a dor é real, corrosiva. E, no meio deste caos, és tu quem me resgata, quem me traz de volta à luz, quando mais me sinto perdida.
Pergunto-me, vezes sem conta: porquê? Por que razão me encontro à beira do precipício do meu lado mais sombrio? Sinto-me à deriva, presa nessa linha ténue entre o certo e o errado, onde o que sei ser moralmente correto se desfigura diante daquilo que, por estranho que pareça, me seduz e me parece irresistível. Há uma doçura no abismo, uma atração perigosa nas tentações que me rodeiam. Oh, porquê? Eu sei que não deveria ceder, que a queda traria apenas mais dor, mas, por um breve momento, parece tão certo, tão viciante.
A espiral em que me encontro leva-me cada vez mais para baixo. É como se estivesse fora de controlo, perdida num labirinto que ninguém vê, uma luta interna invisível a todos. O mundo exterior continua a girar, alheio à tempestade que desaba dentro de mim. O mais perturbador é o peso das mentiras que se acumulam nas profundezas da minha alma, aquelas que me dizem, que contam. É aí que a verdade é revelada, exposta pela luz que, de alguma forma, ainda me alcança. És tu, sempre tu, que me puxas de volta, que me devolves ao caminho certo, quando tudo o resto parece ruir.
Mas porquê? Por que é que continuo a desafiar a razão e a caminhar tão perto desse lado negro? Sabes, há algo de incrivelmente tentador naquilo que sabemos ser proibido. E quanto mais proibido, mais atrai. A moral torna-se um sussurro distante, quase inaudível, quando a escuridão nos chama. Mas, mesmo assim, por mais forte que seja o ímpeto de ceder, és tu que, com a tua presença, com a tua força, me trazes de volta à luz. Tu és o farol que ilumina o meu caminho, quando os meus próprios pensamentos se tornam perigosos e sombrios.
Por dentro, há uma guerra constante, uma tempestade que ninguém consegue ver. É uma luta travada nas sombras da alma, onde o bem e o mal se enfrentam sem tréguas. E no meio desta batalha silenciosa, és a minha âncora, a única força capaz de me manter de pé. Trazer-me de volta à luz, quando tudo à minha volta parece desmoronar, é um dom que não posso descrever em palavras. A tua presença é a única constante num mundo de incertezas e tentações.
No final, quando olho para o abismo, para todas as coisas que me tentam e me fazem desviar do que sei ser certo, compreendo que é o amor, a tua presença, que me salva. És a luz que dissipa a escuridão, que me faz lembrar que, apesar das lutas, apesar das tentações, ainda há algo pelo qual vale a pena resistir. E assim, continuo a enfrentar as sombras, sabendo que, por mais difícil que seja, por mais tentador que o abismo possa parecer, tu estarás sempre lá para me trazer de volta à luz.