Grata.
É incrível como as crianças têm o poder de nos encher o coração de uma maneira tão simples e pura. São seres de uma sinceridade desarmante, que olham para o mundo com olhos limpos, sem malícia ou preconceito, refletindo, muitas vezes, aquilo que aprendem em casa. Recentemente, uma mudança de sítio fez-me ver essa realidade de forma ainda mais clara. Aqui, pude testemunhar o que é ser olhado, tanto eu como o meu filho, com uma aceitação natural e genuína, algo que aquece o espírito e nos dá esperança.
É nas pequenas coisas que percebemos como as crianças, sem filtros, se aproximam umas das outras. Não há barreiras, não há distâncias. Cada gesto de carinho é um reflexo do que lhes foi ensinado: respeito, empatia, amor. O momento que mais me tocou foi perceber que, ao chegar a hora de ir embora, um colega do meu filho se preocupou em partilhar o lanche da tarde com ele, ou quando, com a maior das naturalidades, me chamam "tia". A simplicidade desse termo carrega um afeto que vai além dos laços de sangue, e isso preenche-me de uma alegria profunda. Agora, sinto que tenho mais sobrinhos, cada um com a sua personalidade única, uns mais traquinas, outros mais calmos, mas todos maravilhosamente carinhosos.
A escola onde estamos inseridos é, sem dúvida, um exemplo que merece ser destacado. Não é uma instituição gigante nem se define por grandes números, mas é exatamente na sua simplicidade e proximidade que reside a sua excelência. Aqui, as relações entre crianças e adultos são genuínas, familiares. A sensação de pertença é quase palpável, como se fôssemos todos parte de uma grande família. Não há frieza institucional, não há distância. Cada criança é vista e ouvida, e isso faz toda a diferença.
Nessa pequena escola, vi um exemplo de comunidade que deveria ser seguido por tantos outros lugares. É um espaço onde as crianças se sentem seguras, acolhidas e valorizadas, não apenas pelos seus resultados ou comportamentos, mas pelo que são: seres em crescimento, repletos de potencial. Este ambiente, repleto de amor e cuidado, é o terreno fértil onde os pequenos corações florescem.
Não é à toa que cada um dos meninos e meninas que encontro ali são seres maravilhosos. Eles são o reflexo daquilo que a escola e, claro, as suas famílias lhes oferecem. A mistura de carinho, disciplina e liberdade para serem quem são, sem medo, sem julgamentos, torna-os crianças mais felizes, e esse brilho é visível em cada sorriso que partilham. É um lugar onde a empatia se cultiva todos os dias, onde o conceito de "família" se alarga para incluir todos os que ali convivem.
A minha gratidão por estar inserida num ambiente assim é imensa. Ver o meu filho rodeado por colegas que o aceitam de braços abertos, sem dúvidas, sem preconceitos, é um privilégio que não tem preço. E saber que ele está a crescer rodeado de carinho, de amizade e de uma verdadeira comunidade faz-me acreditar que, sim, há esperança num mundo onde o amor e o respeito sejam os valores que norteiam as nossas vidas.
Neste lugar, o futuro parece mais brilhante, porque vejo que, ao serem tratadas com afeto e respeito, as crianças aprendem a fazer o mesmo com os outros. E, quem sabe, o mundo lá fora também pode se tornar mais familiar, mais humano, à medida que esses pequenos corações, tão cheios de bondade, crescem e se tornam os adultos de amanhã.
Que possamos aprender com eles, com essa pureza que as crianças ainda guardam, e criar mais espaços como este, onde o amor prevalece e os laços se constroem, dia após dia, de maneira simples, sincera e verdadeira.