Se eu morrer.
Se eu morrer, não chores a minha partida como se fosse o fim. Eu não partirei verdadeiramente, apenas mudarei de forma. Serei o vento que acaricia o teu rosto ao entardecer, a brisa suave que te envolve nos dias mais quentes, como um abraço invisível que nunca se desfaz. A cada passo teu, estarei lá, invisível mas presente, guiando-te com o mesmo amor que sempre te dei em vida. Quando o vento passar por ti, fecha os olhos e sente: estarei a sussurrar o meu amor nas tuas orelhas, repetindo as palavras que talvez nunca tenha conseguido dizer o suficiente.
Se eu morrer, as estrelas serão o meu papel e o universo a minha caneta. Alinharei as constelações para escrever os versos que sempre guardei no peito, aqueles que falam de tudo o que vivemos juntos. Quando olhares para o céu numa noite clara, verás que as estrelas estarão dispostas de forma diferente, como se quisessem contar-te uma história. Essa será a nossa história, o nosso soneto eterno, escrito no firmamento, para que nunca te esqueças que, mesmo longe, eu estou sempre ao teu lado.
Se eu morrer, não me procures nas fotografias, nem nos objetos que guardaste de mim. Esses são apenas reflexos de uma existência que já não pertence a este mundo. Em vez disso, procura-me nas lembranças que aquecem o teu coração, nas memórias que te fazem sorrir e que te transportam para os momentos de felicidade que partilhámos. Fecha os olhos e deixa que o teu coração te guie até mim, porque estarei em cada uma dessas recordações, intacta, como se o tempo não tivesse poder sobre o que vivemos.
Encontra-me na poesia do teu sorriso. Serei eterna enquanto te vires a sorrir. Cada vez que a felicidade tocar o teu rosto e o teu riso preencher o espaço à tua volta, será como se eu estivesse a rir contigo, como se o som da tua alegria fosse o eco do nosso amor a vibrar no universo. Não importa o tempo que passe, o meu lugar será sempre aí, no reflexo do teu contentamento, na simplicidade de um sorriso, na leveza de um momento que só tu e eu poderemos partilhar.
Quando te sentires sozinho, quando a saudade apertar o peito, lembra-te que eu não fui embora. Estou nas pequenas coisas que ainda te fazem sonhar. Aquele pôr do sol que tanto apreciávamos, a canção que dançávamos em silêncio, o cheiro da terra molhada depois da chuva. Tudo isso sou eu, manifestando-me de forma subtil, como se a natureza quisesse prolongar a minha presença na tua vida.
Se eu morrer, não deixes que a dor da perda apague o amor que construímos. Porque esse amor transcende a vida e a morte, e vive para além do que é físico. Ele está enraizado em cada gesto, em cada palavra que trocámos, em cada silêncio que partilhámos. Ele está cravado em ti, como uma tatuagem invisível que o tempo não pode apagar. E enquanto tu me carregares dentro de ti, eu continuarei a viver. Não como uma lembrança distante, mas como uma parte de ti que nunca desaparecerá.
Se eu morrer, quero que saibas que foste o primeiro e o último pensamento de cada um dos meus dias. Que o teu nome era o eco silencioso que pulsava no meu coração, tanto nas horas de alegria quanto nas horas de tristeza. Tu foste a razão pela qual cada batida do meu coração fazia sentido. E, mesmo agora, ao pensar na possibilidade de partir, o que mais me conforta é a certeza de que o nosso amor transcende qualquer barreira.
Se um dia acordares e eu já não estiver ao teu lado, sorri. Sorri porque em cada parte de mim, em cada momento da minha vida, tu estiveste presente. E ainda que a ausência se faça sentir, ela será apenas uma ilusão, porque o que realmente importa, o amor que vivemos, estará sempre vivo, tanto em ti quanto em mim. Mesmo que os nossos caminhos se dividam temporariamente, o nosso elo será inquebrável.
Se eu morrer, lembra-te: o meu amor não morre. Ele é infinito, como o mar que banha as praias numa dança eterna. Ele está em cada amanhecer que ilumina o teu rosto, em cada pôr do sol que te oferece uma nova esperança. O amor que te dediquei não conhece limites de tempo ou espaço. Ele continuará a crescer dentro de ti, a fazer-te companhia, a envolver-te com o calor que só o verdadeiro amor é capaz de proporcionar.
Se eu morrer, quero que saibas que, de todas as vidas que poderia ter vivido, esta foi a mais completa porque tive a oportunidade de amar-te. Amar-te com uma intensidade que jamais sonhei ser possível. E ainda que a morte possa parecer uma separação, o nosso amor viverá além da matéria, além do que os olhos podem ver e as mãos podem tocar. Ele será eterno porque se fixou na alma, e as almas, meu amor, nunca morrem.
Se eu morrer, não lamentes a minha partida, celebra a nossa história. Celebra o que fomos, o que somos, e o que sempre seremos. Porque no final, o amor é o que nos torna imortais.