Texto para a "Jéssica"
A amizade é um vínculo construído sobre pilares essenciais, sendo o respeito um dos mais fundamentais. Ao longo da vida, aprendemos que nem sempre é possível concordar com tudo, mas a capacidade de respeitar as opiniões alheias é crucial para manter qualquer relacionamento saudável.
Considero-me uma pessoa afortunada por possuir uma visão clara e apurada do mundo que me rodeia, tanto física quanto emocionalmente. Contudo, há uma pessoa em particular cuja presença evito não por uma limitação física, mas como uma medida de autopreservação. Não se trata de um simples desconforto; é uma questão de confiança. Esta pessoa, em algum momento, feriu-me de uma forma profunda, atingindo o que há de mais precioso em mim: o meu filho. Acredito que esta pessoa causou danos à minha família, atacando não só a nossa unidade, mas também a minha essência, a forma como escolho viver e ser.
Apesar do pedido de um texto que aborde as características dessa pessoa, reconheço que, no presente momento, não sou a mais indicada para tal tarefa. A minha descrição seria inevitavelmente marcada por uma visão crítica, destacando mais os defeitos do que as virtudes. Sei que pode ser isso que se espera de mim agora, um relato incisivo e depreciativo, mas essa não é a minha natureza.
No entanto, dado o compromisso assumido e a honestidade com que o pedido foi feito, esforçar-me-ei para ser justa e objetiva, mantendo a imparcialidade e a integridade que sempre prezo.
A minha perspectiva .
Ao longo da minha vida, tive a oportunidade de conhecer pessoas de várias índoles e temperamentos, mas poucas experiências foram tão marcantes quanto a de conviver com alguém que se revelou, aos meus olhos, como duas pessoas distintas. No início, vi-me diante de uma pessoa que, para muitos, é o exemplo de justiça e ponderação. A sua diplomacia parecia inata, e a capacidade de comunicação era, sem dúvida, uma das suas maiores qualidades. A organização e o perfeccionismo com que conduzia as suas tarefas revelavam uma dedicação irrepreensível, enquanto a prática da escuta ativa e a sensatez com que aconselhava sugeriam uma perseverança e resiliência admiráveis. Muitos a viam como uma alma altruísta, dotada de uma profunda empatia e humanidade.
No entanto, em situações de pressão e conflito, especialmente quando se sentiu ameaçada, a imagem que construí dela desmoronou-se. Descobri, para minha infelicidade, um lado que se ocultava nas sombras das suas aparentes virtudes. A pessoa justa e ponderada deu lugar a uma figura manipuladora e dissimulada, alguém que, para se proteger, não hesitou em recorrer à mentira e à falsidade. A sua falta de empatia tornou-se evidente, revelando uma faceta desumana, fria e desprovida de sentimentos. O profissionalismo que antes admirei foi substituído por uma conduta desleal e difamatória, na qual a verdade era distorcida para servir os seus próprios interesses.
Fui surpreendida pela capacidade que tinha de espalhar boatos, de difamar e acusar sem qualquer base factual ou ética. Se, num primeiro momento, conheci a versão dela que cativava e inspirava confiança, mais tarde, deparei-me com um ser totalmente distinto, cuja existência me desconcertou e feriu profundamente.
Esta dualidade, que beira o paradoxal, fez-me refletir sobre a complexidade da natureza humana e sobre como as máscaras que alguns escolhem usar podem esconder realidades perturbadoras. Sinto que fui enganada por uma ilusão, e o que restou foi o amargo sabor da desconfiança e da decepção. Este encontro com duas faces da mesma pessoa marcou-me de forma indelével, deixando-me mais cautelosa e consciente das múltiplas camadas que podem compor a personalidade de quem nos rodeia.