Demónio
Acreditamos na existência de Lúcifer e dos demónios porque esta realidade está claramente atestada na Sagrada Escritura, na Tradição da Igreja e na experiência espiritual de muitos santos e fiéis ao longo dos séculos. A crença em Lúcifer e nos demónios faz parte da compreensão católica sobre o mal, o pecado e a batalha espiritual que todos enfrentamos na nossa caminhada de fé.
Em primeiro lugar, a Bíblia descreve a existência de seres espirituais malignos, começando com Lúcifer, que originalmente era um anjo criado por Deus. Lúcifer, cujo nome significa "portador de luz", foi criado como um ser de grande beleza e poder, mas, movido pelo orgulho e pelo desejo de ser igual a Deus, rebelou-se contra o Criador. Esta rebelião é mencionada de forma simbólica em Isaías 14:12-15, onde se lê: "Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações!" Este texto, embora tenha uma aplicação imediata ao rei de Babilónia, é tradicionalmente entendido pela Igreja como uma referência à queda de Lúcifer.
O Livro do Apocalipse também fala de uma batalha no céu, na qual Miguel e os seus anjos lutam contra o dragão (uma representação de Lúcifer) e os seus anjos caídos, que são lançados para a terra (Apocalipse 12:7-9). Esta passagem reflete a ideia de que Lúcifer, ao recusar-se a servir a Deus, arrastou consigo outros anjos, que se tornaram demónios — seres espirituais que se opõem a Deus e à Sua obra de salvação.
A Tradição da Igreja confirma esta interpretação, ensinando que Lúcifer, após a sua rebelião, tornou-se Satanás, o adversário de Deus, e que os demónios são os anjos que se uniram à sua revolta. Esses seres espirituais, embora dotados de inteligência e vontade, escolheram o mal irrevogavelmente e, desde então, trabalham para afastar a humanidade de Deus. A Igreja, ao longo dos séculos, reconheceu a existência do diabo e dos demónios como parte da realidade do mal no mundo, o que é refletido em ritos como o exorcismo e nas orações de libertação.
Acreditamos, então, em Lúcifer e nos demónios porque reconhecemos que o mal é uma realidade ativa que se manifesta tanto de forma pessoal como espiritual. Esta crença não significa, porém, que vemos o diabo como igual a Deus em poder ou em importância. Pelo contrário, acreditamos que Deus é infinitamente superior e que, no final, o mal será definitivamente vencido por Cristo, como já foi anunciado pela sua morte e ressurreição.
A existência de Lúcifer e dos demónios também nos recorda a importância da liberdade humana e das suas consequências. Tal como os anjos, os seres humanos foram criados com livre-arbítrio, e as escolhas que fazemos têm implicações profundas na nossa vida espiritual. A história da queda de Lúcifer é um aviso contra o orgulho e a desobediência a Deus, e a atividade dos demónios é um constante lembrete de que a vida cristã é uma luta espiritual que exige vigilância, oração e confiança na graça de Deus.
Por fim, acreditamos em Lúcifer e nos demónios porque a nossa fé reconhece a existência de uma batalha espiritual que se desenrola na nossa vida e no mundo. Esta luta não é apenas contra forças humanas ou visíveis, mas contra "as forças espirituais da maldade nos lugares celestiais" (Efésios 6:12). No entanto, ao mesmo tempo que reconhecemos esta realidade, não vivemos em medo, porque acreditamos firmemente que Cristo já venceu o mal e que, com a ajuda da graça divina, somos chamados a participar nesta vitória.
Assim, a crença em Lúcifer e nos demónios faz parte da nossa compreensão do mal e da necessidade de lutar espiritualmente para nos mantermos fiéis a Deus. É uma crença que nos alerta para os perigos do pecado, mas que também nos fortalece na confiança de que, em Cristo, o mal não tem a palavra final.