Texto para "Márcia"

 Eu sou uma mulher que aborda a sexualidade com a naturalidade e a clareza que ela merece, despida de falsos pudores e estigmas antiquados. O sexo, para mim, é uma manifestação natural da nossa condição humana, uma faceta essencial da nossa vida que, desde que praticada com responsabilidade e consentimento mútuo, não merece ser envolta em tabus.

Sim, escrevo sobre sexo e sobre órgãos sexuais, não porque me falta vergonha, mas precisamente porque não há razão para ela existir. A vergonha, afinal, deveria estar reservada para a ignorância e a repressão, e não para a celebração daquilo que somos: seres sexuados, dotados de corpos que, quando saudáveis, respondem ao toque, à intimidade, ao desejo. A sexualidade não é apenas uma questão de prazer; é uma dança complexa de hormonas, reações nervosas e estímulos psicológicos que culmina, muitas vezes, num dos maiores picos de prazer que o nosso corpo pode experienciar: o orgasmo.

O orgasmo, esse ápice da excitação sexual, não é apenas um fenómeno de prazer; é uma descarga de tensões acumuladas, um alívio profundo que inunda o corpo com endorfinas e oxitocina, substâncias que nos fazem sentir bem, relaxadas, e em conexão profunda com o outro. É, no fundo, uma explosão química e física que, se não fosse tão prazenteira, certamente não teria motivado a humanidade a dedicar-lhe tantos pensamentos, poemas, romances e, claro, práticas.

Quando falo de órgãos sexuais, tanto femininos quanto masculinos, faço-o com a mesma naturalidade com que descrevo uma mão, um braço, ou um coração. Sabemos que os órgãos sexuais, sejam eles a vulva, a vagina, o clitóris, o pénis ou os testículos, são mais do que meros instrumentos de reprodução. São também fontes de prazer, peças fundamentais no nosso bem-estar sexual.

O clitóris, por exemplo, é um órgão fascinante, cuja única função é proporcionar prazer. Com mais de oito mil terminações nervosas, é uma zona erógena altamente sensível e, quando estimulado, desencadeia uma cascata de reações no corpo que podem culminar num orgasmo. Já o pénis, para além de sua função reprodutiva, também possui uma complexa rede de nervos e vasos sanguíneos que, quando estimulados, conduzem a ereção e, potencialmente, ao orgasmo masculino. Ambos os sexos, portanto, estão biologicamente equipados para o prazer, e não há vergonha alguma em reconhecê-lo.

Pratico sexo com o meu marido, e só com ele, não por qualquer imposição externa, mas porque é uma escolha que reflete o respeito mútuo que nutrimos um pelo outro e pelo relacionamento que construímos juntos. Esta exclusividade não é fruto de repressão, mas de uma decisão consciente que enriquece a nossa intimidade e fortalece os nossos laços.

Escrever sobre sexo não precisa, de forma alguma, ser um ato vulgar ou ofensivo. Pelo contrário, pode e deve ser feito com inteligência, humor, e uma dose saudável de sarcasmo, quando apropriado. Porque falar de sexo, de forma aberta e respeitosa, é também uma maneira de educar, de desconstruir preconceitos, e de promover uma sexualidade mais saudável e satisfatória para todos.

Afinal, se o sexo não fosse bom, ninguém o praticaria. Contudo, o facto é que ele é uma parte vital das nossas vidas, e enquanto ele continuar a ser uma fonte de prazer e conexão, continuarei a escrever sobre ele com o respeito e a dignidade que merece.

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