Sozinha 😉

 Viver sozinha, dia após dia, sem expectativas nem perspectivas, é uma experiência singular que desdobra um panorama de nuances inesperadas e provocativas. A liberdade que advém da ausência de compromissos futuros ou de expectativas por cumprir permite-me explorar uma dimensão existencial que, de outra forma, permaneceria impenetrável.

A cada manhã, ao despertar, dou-me conta de que o futuro é um conceito tão abstrato quanto uma miragem no horizonte. Sem a pressão das metas a alcançar ou dos sonhos a realizar, encontro um peculiar alívio na simplicidade do presente. O meu quotidiano desdobra-se como um livro em que cada página é escrita no momento, sem enredo predeterminado ou capítulos a seguir.

No entanto, esta ausência de expectativas não é sinónimo de estagnação ou apatia. Pelo contrário, revela-se um terreno fértil para a experimentação e a descoberta. Cada instante é uma oportunidade para me entregar ao prazer das pequenas coisas: uma conversa com um desconhecido, a contemplação de um pôr-do-sol ou a leitura de um livro que me é oferecido pelo acaso. A liberdade de não antecipar o amanhã permite-me experimentar a vida com uma intensidade e uma profundidade que frequentemente são obscurecidas pela corrida incessante para alcançar metas e realizações.

A ironia reside no facto de que, ao abdicar de um futuro claramente delineado, sou forçada a criar o meu próprio sentido de realização. A ausência de um caminho predeterminado não me desorienta, mas sim convida-me a traçar novos rumos, a reinventar-me constantemente. A vida, desprovida de expectativas rígidas, torna-se um jogo de improvisação onde a criatividade e a adaptabilidade são as minhas principais aliadas.

A existência quotidiana, sem pressões externas, adquire uma qualidade quase zen, onde o fluxo do tempo é menos uma corrente tumultuosa e mais um suave desenrolar de momentos. Ao abraçar a imprevisibilidade e a incerteza, descubro que a verdadeira plenitude pode residir na simples aceitação do que é, sem a necessidade de moldá-lo a qualquer ideal previamente estabelecido.

Em suma, viver sem expectativas é uma prática enriquecedora que me permite apreciar cada dia com um frescor inédito. Esta forma de existir, paradoxalmente, revela-se uma celebração da liberdade e da autenticidade, proporcionando-me uma visão vibrante e dinâmica da vida, onde cada dia é uma nova página, e eu, a autora, escrevo a minha própria história, livre de quaisquer previsões ou amarras.








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