Passeio
Todos os dias, após o jantar, entrego-me a uma rotina que é ao mesmo tempo reconfortante e enriquecedora: gosto de caminhar. Ultimamente, tenho seguido até ao centro da vila, onde a vida ainda pulsa suavemente à noite. Depois, continuo pela marginal, onde o olhar repousa sobre o Tejo, que reluz com as luzes do outro lado, criando um espetáculo sereno e hipnotizante. Essas caminhadas, seja na companhia de meu marido e filho, ou apenas de meu filho, tornaram-se momentos preciosos de conexão e partilha.
Nesses percursos, o diálogo flui naturalmente. Meu filho, com a mente jovem e curiosa, fala sobre tudo, sem reservas. Escutamos com atenção, não apenas as palavras, mas o entusiasmo que as acompanha, as nuances de suas emoções. Resolvemos suas dúvidas sobre o mundo, oferecendo respostas que não só esclarecem, mas também estimulam ainda mais sua sede por conhecimento. Ele compartilha suas ideias e projetos, especialmente os que desenvolve no Scratch, descrevendo com orgulho como os concebeu e realizou. Esses momentos são oportunidades para reconhecer e encorajar sua criatividade, mostrando-lhe que suas ideias são valorizadas e respeitadas.
Frequentemente, durante essas conversas, as palavras "eu amo-te, sabias?" surgem espontaneamente, um lembrete constante do amor que nos une. Essas palavras não são ditas apenas como um ritual, mas como uma reafirmação diária do nosso afeto e da importância de expressar o que sentimos, reforçando os laços que nos mantêm conectados.
Essas caminhadas noturnas tornaram-se mais do que um simples hábito; são rituais que fortalecem os laços familiares e criam memórias duradouras. Cada passo dado juntos, cada palavra trocada, cada olhar lançado sobre o rio é uma construção de momentos que permanecerão conosco, alimentando a intimidade e a compreensão mútua que compartilho com minha família.