O que diria?
Em primeiro lugar, permito-me afirmar que, para quem não me conhece, sou alguém que preza pela reserva e pela discrição. O meu mundo interior é vasto, alimentado por reflexões profundas e ponderações meticulosas sobre o que me rodeia. Acredito que as virtudes fundamentais que todos deveriam cultivar são a honestidade, a lealdade e a integridade. Para mim, estas qualidades não são meras palavras ocas, mas sim valores que moldam o caráter e a essência de um indivíduo. A autenticidade é, para mim, a verdadeira expressão do ser, e é por ela que guio os meus passos.
No entanto, e talvez seja essa a razão do meu retraimento, não me dou a conhecer com facilidade. Com o passar do tempo, tornei-me mais cética em relação àqueles que me rodeiam. A introversão, que já fazia parte do meu ser, intensificou-se perante a crescente desilusão com a dissimulação, a falsidade e o engano que, infelizmente, vejo com frequência nas interações humanas. A dualidade de personalidade, essa habilidade de exibir uma face e esconder outra, é algo que me perturba profundamente. Percebo que, por vezes, as aparências são construídas sobre uma fachada enganosa, que revela intenções dúbias e sentimentos inautênticos. Esta perceção levou-me a erguer barreiras, a proteger-me do que considero uma realidade sombria e inquietante.
A quem me desiludiu e magoou, eu diria que, embora a dor da decepção me tenha atravessado, encontrei nela uma oportunidade para crescer e reforçar a minha resiliência. A mágoa não é apenas uma ferida, mas também uma lição, e se hoje sou mais forte, é porque aprendi a reconhecer a fragilidade dos laços humanos e a lidar com as expectativas frustradas. Não procuro vingança, mas apenas a paz interior que advém da aceitação e do distanciamento. Compreendo que a perfeição não existe e que somos todos falíveis; no entanto, escolho rodear-me apenas daqueles que, apesar das suas imperfeições, são sinceros e transparentes nos seus atos.
Por fim, a quem guardo em meu coração, diria que a minha afeição é sincera e profunda, construída sobre a base sólida da confiança e do respeito mútuo. Para esses, ofereço o que de melhor existe em mim: a minha compreensão, o meu apoio incondicional, e a certeza de que, independentemente das adversidades, estarei sempre presente, com o meu ser autêntico e fiel. A minha amizade e o meu amor não são dados levianamente, mas quando oferecidos, são plenos e duradouros, reflexos da minha verdadeira essência. Aprecio cada pequeno gesto, cada momento partilhado, e vejo em cada um desses instantes a concretização das virtudes que tanto prezo. É em vocês, que habitam no meu coração, que encontro a força para enfrentar as vicissitudes da vida, com a certeza de que não estou sozinha nesta jornada.
Este é o meu mundo, complexo e reservado, mas profundamente sincero. E é assim que escolho viver, protegendo a minha essência, partilhando-a apenas com aqueles que demonstram ser dignos de a conhecer.