Os meus...
Eu, enquanto mulher que habita este vasto e complexo mundo, sempre me vi atraída pelas peculiaridades da condição humana. Com o passar dos anos, uma sabedoria fundamentada na doutrina católica, enriquecida pela psicologia, sociologia, e pelas profundas reflexões filosóficas, foi moldando a minha visão sobre a natureza das relações interpessoais. Reconheço que as imperfeições são inerentes à nossa condição; nelas, encontro a verdadeira essência do ser humano, que se desvela de maneira mais autêntica naquilo que não é polido nem perfeito.
Acredito firmemente que a integridade e o coração são os pilares sobre os quais edifico as minhas relações. A integridade, enquanto virtude cristã, é um valor inegociável, pois é nela que se funda a confiança, essa pedra angular de qualquer ligação significativa. O coração, na sua vulnerabilidade e capacidade de amar, revela a nobreza do espírito humano, refletindo o mandamento maior que Cristo nos deixou: amar ao próximo como a nós mesmos.
Recorro à psicologia para compreender que as imperfeições humanas, longe de serem meros defeitos, são antes marcas indeléveis da nossa individualidade. São essas imperfeições que nos tornam reais, palpáveis, e que permitem a construção de uma convivência verdadeira e profunda. A sociologia, por seu turno, ensina-me a olhar o indivíduo como um ser social, cujas falhas e virtudes não existem no vácuo, mas antes se manifestam num contexto social repleto de influências e pressões.
Na filosofia, especialmente no pensamento existencialista, encontro a noção de que a imperfeição é uma parte intrínseca da nossa liberdade e da nossa responsabilidade. Não somos marionetas perfeitas num teatro divino, mas sim seres imperfeitos, dotados de livre-arbítrio, cuja tarefa é encontrar sentido e valor nas nossas escolhas, por mais imperfeitas que sejam. É nesse exercício de liberdade e responsabilidade que a integridade se torna não apenas uma virtude, mas uma necessidade.
E é aqui, no campo do bom senso, que sinto a necessidade de clarificar: aceito a imperfeição, sim, mas não qualquer imperfeição. Há imperfeições que corroem, que se manifestam na forma de atos insensíveis e desprovidos de sentimentos, estas, não as tolero. Não há lugar no meu círculo para a desonestidade emocional, para a falta de empatia, ou para aqueles que, em nome de suas imperfeições, causam dor gratuita aos outros.
Assim, a minha escolha de companhia recai sobre aqueles que, embora imperfeitos, possuem um coração verdadeiro e uma integridade inabalável. São estes que, na sua humanidade frágil e bela, enriquecem a minha vida, proporcionando-me não só momentos de partilha e afeto, mas também a possibilidade de uma convivência que se alicerça naquilo que é genuíno e duradouro.