Rabo

 Quando os cinquenta anos chegam, o corpo humano parece entrar em um acordo tácito com a gravidade para, finalmente, entregar os pontos. A pele, que antes era um tecido bem ajustado e suave, transforma-se em uma massa frouxa e desajeitada, como se o corpo fosse um velho sofá de couro barato, desgastado pelo tempo e pelo uso. As nádegas, outrora firmes, viram uma paródia de si mesmas, penduradas como sacos de batatas mal amarrados, dando origem ao infame “cu de velha”.

Ah, o cu de velha! Um espetáculo de decadência que desafia todas as leis da estética e da dignidade. Nas calças, então, a tragédia é completa: a ilusão de uma fralda volumosa, pronta para transbordar a qualquer momento. E o pior de tudo, é que essa deformidade se impõe com uma naturalidade cruel, como se o tempo quisesse deixar claro que a juventude foi apenas um erro de cálculo passageiro.

O tecido glúteo, que outrora era um símbolo de vitalidade e atração, agora parece uma reminiscência distante de tempos gloriosos. As nádegas caídas, flácidas e despidas de qualquer traço de orgulho, fazem a caminhada se transformar em um espetáculo deprimente de dobras e balanços. A pele, agora “peles”, se agrupa em um conjunto desordenado de rugas e protuberâncias que lembram a superfície lunar – mas sem a beleza austera do satélite.

Em suma, o corpo aos cinquenta é um lembrete impiedoso de que a vida, tal como a conhecemos, é uma estrada ladeira abaixo em direção ao colapso inevitável. E se, por acaso, você ainda guarda alguma esperança de se safar desse destino, basta olhar para o espelho ao vestir aquelas calças justas. A imagem do cu de velha irá lhe saudar com um sorriso torto e inapelável, lembrando-lhe que, no final, todos nos tornamos parte dessa piada cósmica de mau gosto.

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