Duplicidade

 Às vezes, encontro-me  a refletir sobre a complexidade intrínseca da natureza humana, sobretudo quando sou confrontada com a dualidade aparente de certas pessoas que cruzam meu caminho. É curioso como, num primeiro momento, alguém pode  apresentar-se como um ser de luz, repleto de qualidades que tanto admiro e valorizo: uma bondade genuína, uma inteligência brilhante, uma resiliência invejável, um altruísmo que transcende o ego, e uma perseverança que não conhece limites. Essa pessoa parece, então, ser um compêndio de virtudes, uma alma elevada que enaltece o ambiente ao seu redor e inspira aqueles que têm a fortuna de conhecê-la.

Entretanto, com o tempo, percebo que essa imagem inicial pode dissolver-se, e revelar uma outra faceta profundamente perturbadora. A máscara da benevolência cai, e a figura que desenha-se diante de mim é de uma dissimulação insidiosa, uma falsidade latente, e uma maldade que corrói a confiança depositada. Surge, então, uma pessoa marcada por uma falsidade torpe, uma mentira constante, uma traição que é, no fundo, um perjúrio diário contra a sinceridade e a integridade. As ações, por fim, confirmam essa segunda natureza, e criam um cenário de opressão contínua, onde sou submetida a um massacre psicológico incessante e incansável, como se cada dia fosse uma nova batalha contra a duplicidade.

Esta experiência leva-me a questionar a essência do ser humano e a fragilidade das primeiras impressões, ao refletir sobre como uma só pessoa pode, ao longo de meses a fio, transformar-se de um modelo de virtude em uma figura de tormento. Sinto-me como se estivesse a navegar entre dois mundos, onde o real e o ilusório entrelaçam-se de forma tão intricada que, por vezes, pergunto-me se algum dia consegui ver a verdade em sua totalidade ou se fui sempre vítima de uma ilusão cruelmente mantida.

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