A triste

 Parece-me profundamente intrigante, para não dizer desconcertante, observar o comportamento de uma pessoa que, sob o pretexto de ser justa e honesta, se dedica a falar nas costas de outra, espalhando rumores infundados. Este tipo de comportamento não só contradiz a própria definição de justiça e honestidade, mas também revela uma faceta manipuladora que, ironicamente, se desdobra em ações que atentam contra os próprios valores que esta pessoa alega defender.

Não deixa de ser um enigma perturbador perceber como alguém é capaz de angariar seguidores para as suas histórias absurdas, cuja única finalidade parece ser o afastamento de terceiros. Pergunto-me o que leva os outros a acreditar nessas narrativas desconexas, como se as suas mentes fossem desprovidas de uma capacidade crítica elementar, como se não tivessem olhos na cara para verem a verdade por si mesmos. Mas será possível que estas pessoas não percebem que, ao dar ouvidos a quem se aproxima exclusivamente para difamar, estão a expor não só a fragilidade das suas convicções, mas também a falta de um julgamento sensato?

Aliás, não é curioso que alguém que presume ter estatuto, baseado apenas numa determinada profissão ou na forma como se veste, recorra a tácticas tão baixas para se afirmar? A verdadeira nobreza de caráter, para mim, não se revela em roupas ou títulos, mas na dignidade com que uma pessoa se comporta. E, nesse sentido, por mais camaleónica que esta figura se apresente, não consegue disfarçar a baixeza das suas ações. Porque, no final das contas, por mais artifícios que utilize, esta pessoa revela-se sempre sozinha, abandonada pela própria superficialidade e desonestidade que tenta, em vão, encobrir.

Quando, finalmente, as pessoas ao seu redor irão perceber que aquilo que fazemos e dizemos sobre os outros fala muito mais sobre nós mesmos do que sobre as nossas vítimas? A resposta, creio, reside na capacidade de cada um de abrir os olhos, de ver para além das aparências e de se recusar a ser manipulado por quem apenas se alimenta do drama e da desunião. Até lá, resta-me a esperança de que o discernimento triunfe sobre a falsidade.

Ah, e depois há aquelas pessoas que, na sua hipocrisia e falsidade, lidam com essa figura problemática de maneira ainda mais insidiosa. Escutam-na com atenção fingida, acenam com a cabeça em concordância, como se lhe dessem razão, quando, na verdade, não fazem mais do que alimentar o fogo das suas intrigas. Ri-se às suas custas nas sombras, comentam a incoerência das suas palavras e os devaneios que proferem, quase como se fosse um espetáculo tragicómico, inacreditável.

Esses indivíduos, calculistas e dissimulados, planeiam cuidadosamente o seu afastamento. Vão-se retirando lentamente, oferecem desculpas engenhosas para não ferir a sensibilidade da tal pessoa, mas, ao mesmo tempo, garantem que não cortam laços de forma brusca. Não convém, dizem entre si, afinal, por mais desvairada que a pessoa seja, não lhes interessa criar problemas desnecessários. Resignam-se ao pensamento de que, felizmente, falta pouco tempo para a situação se resolver por si mesma, ou para a pessoa, talvez, sair de cena por vontade própria, como alguém comentou.

E eu, observo tudo isto, não posso deixar de me questionar: que tenho eu a ver com isso? Por que motivo deveria envolver-me em tal jogo de aparências, onde a sinceridade e a integridade são relegadas ao último plano? Essa não sou eu!  Parece-me uma perda de tempo e energia, um teatro sem propósito onde todos desempenham um papel numa peça que prefiro não assistir. Por isso afastei-me, afasto-me! No final de contas, a vida é demasiado curta para gastar em falsidades e intrigas, não é?

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