Meu Caminho, Minhas Razões: Respeite a Liberdade de Escolher
É fascinante como muitas vezes as nossas rotinas são interpretadas à luz das percepções alheias, sem que, por vezes, haja uma compreensão clara das razões que as fundamentam. O meu dia a dia, como o de qualquer outra pessoa, é movido por uma série de motivos práticos e pessoais, que se entrelaçam, muitas vezes, com as minhas escolhas e compromissos. No entanto, é necessário sublinhar algo que parece ser frequentemente desconsiderado: o meu caminho não tem outra intenção senão a de seguir aquilo que a minha vida exige, nada mais, nada menos.
Sim, quase todos os dias passo ao lado do tribunal. Não porque queira ou precise de causar qualquer tipo de impressão, mas porque a vida me leva para aquela direção. Trabalho naquela área, tenho compromissos e amizades que me exigem estar por ali. A razão pela qual sigo este percurso não é de forma alguma associada a algo que envolva juízos ou expectativas externas. Não cometi crime algum, não sou sombra de ninguém e o que faço é o simples movimento de quem tem uma vida a ser vivida e responsabilidades a cumprir.
Da mesma forma, passo pelo parque. Não porque esteja à procura de algo ou de alguém, mas porque o meu trabalho e as minhas amizades me conduzem àquela zona. A vida não é feita de coincidências; é feita de escolhas, de pessoas que cruzam o nosso caminho e de momentos que surgem à medida que caminhamos. Não é por acaso que o parque, e em particular o lado oposto ao parque infantil, faz parte do meu percurso. Ali, encontro o que procuro, que é apenas o caminho necessário para cumprir as minhas tarefas do dia. Não há qualquer tentativa de encontrar ou reencontrar alguém, não há uma busca por encontros fortuitos ou pensados. Há apenas a necessidade de fazer o meu percurso da forma mais simples e direta possível.
E claro, a Caixa Geral de Depósitos também se cruza no meu caminho. Mais uma vez, as razões para passar ali não têm nada a ver com a busca de um espaço ou de um momento de interação que não seja o meramente social ou profissional. O que me leva ali é a continuidade da minha jornada diária, da minha rotina de trabalho e voluntariado, além de ser uma área de importância pessoal. A igreja, que fica por aquela zona, também faz parte das minhas responsabilidades e do meu mundo social. Ali, como em tantos outros locais, os meus passos não são guiados por um desejo de provocar ou de chamar a atenção, mas sim pela necessidade de estar onde a vida me chama.
A surpresa que surge quando, por vezes, sou abordada de forma indireta, com insinuações ou suposições sobre os meus percursos, é algo que não consigo deixar de questionar. Parece que, por vezes, a curiosidade alheia transforma o simples ato de caminhar por um local na tentativa de criar histórias e interpretações. Mas as minhas intenções são claras e simples: o meu caminho é um reflexo daquilo que preciso fazer e daquilo que a vida me exige. Não é para encontrar ninguém, não é para me infiltrar em lugares ou situações. É apenas a escolha de quem tem uma vida a seguir.
Se, por acaso, alguém não entender que o respeito pela privacidade, pela liberdade de seguir o nosso próprio percurso sem ser alvo de críticas ou julgamentos, deve ser mútuo, então é importante refletir sobre isso. Eu não provoquei, nem busquei algo além do que já expliquei. Aqueles que se sentem desconfortáveis com o meu caminho, ou com a minha presença num determinado lugar, precisam perceber que o problema, nesse caso, é exclusivo delas. Não é minha responsabilidade lidar com interpretações ou julgamentos que não têm qualquer fundamento real.
A minha vida é a minha jornada, e é feita das escolhas que faço, dos locais por onde passo e das pessoas com quem me relaciono. O respeito deve ser sempre recíproco, e se evitamos encontros ou conversas, isso não é por desprezo ou raiva, mas por simples respeito pelo espaço e pelas escolhas de cada um. O que tenho para explicar já o disse, e o que é dito de mim, não é mais do que uma projeção do que outros querem acreditar. Portanto, não inventem histórias que não fazem parte da realidade, pois o meu caminho, assim como o de todos, é muito mais simples do que os outros possam imaginar.
A verdadeira liberdade reside em saber que podemos fazer o nosso percurso, sem medo de sermos interpretados de maneira errada, sem que nos seja exigido justificar cada passo dado. E, acima de tudo, a verdadeira paz está em respeitar o caminho do outro, sem tentar ver mais do que aquilo que é, sem criar ilusões ou imposições sobre as suas intenções.
Neste contexto, é fundamental que sejamos todos mais autênticos, mais sensíveis e mais conscientes de que o que se passa por dentro de cada pessoa raramente corresponde à imagem que o exterior tenta construir.