A professora... A escola
O peso de uma despedida e a promessa de um reencontro
Hoje, meu filho voltou para casa com um brilho nos olhos que há muito tempo eu não via. Era o brilho de quem se sentiu reconhecido, acolhido, pertencente. No seu jeito humilde e puro de enxergar a vida, ele estava feliz. Mais do que isso, estava realizado. Mas, como tudo que é verdadeiro, essa alegria vinha acompanhada de um sentimento profundo, quase contraditório: uma saudade antecipada.
Ele sabe que, em breve, deixará essa escola que se tornou tão especial para ele. Uma escola pequena, sem corredores imensos ou grandes estruturas, mas que carrega em si algo muito maior: pessoas que fazem a diferença. Ele criou laços, construiu memórias e encontrou ali um ambiente onde se sentiu valorizado. Não é apenas o lugar que o marca, mas as relações que ele cultivou. Entre elas, a mais especial é com sua professora.
Não é um amor idealizado, mas um carinho genuíno. Uma ligação construída com respeito, compreensão e aprendizagem. Ele gosta dela, admira a maneira como ela ensina, o cuidado que demonstra, a paciência que teve nos momentos difíceis. Ele sente que essa professora realmente se importa, que vê nele não apenas um aluno, mas um ser humano em crescimento.
E foi por isso que hoje, em meio à felicidade de uma conquista, ele chorou. Chorou porque sabe que está prestes a se despedir. Chorou porque, pela primeira vez, percebeu o quanto esse ciclo significa para ele. E então, me perguntou:
— Mãe, eu posso voltar para visitar minha professora quando sair da escola?
Eu sorri e disse que sim, quantas vezes ele quisesse. Porque um lugar onde fomos bem acolhidos nunca se fecha para nós. Mas depois, com um olhar hesitante, veio outra pergunta:
— Será que ela vai querer me ver?
Aquela pergunta me atravessou. Porque, por mais que eu soubesse a resposta, percebi que para ele, essa dúvida era real. Meu filho queria ter certeza de que a ligação que sente não era só dele. Queria acreditar que, assim como ele não esquecerá sua professora, ela também se lembrará dele com carinho.
E eu sei que sim. Sei que professores de verdade não esquecem os alunos que passaram por suas vidas, que os marcaram de alguma forma. Sei que, mesmo depois que os caminhos se separam, há laços que nunca se rompem.
No passado, tivemos outra experiência. Outra escola, outra professora. Mas, diferente do que ele sente agora, naquela época ele não teve esse desejo de voltar. Não se sentiu ligado ao lugar nem às pessoas. Saiu sem olhar para trás, sem sentir que algo ali permaneceria dentro dele.
Mas desta vez é diferente. Desta vez, ele se despede já sentindo saudades. E isso diz muito sobre o que encontrou aqui.
Agora, professora, essas palavras chegam até a senhora? Elas tocam, de alguma forma, a sua memória? Porque hoje, ao ver meu filho feliz e emocionado ao mesmo tempo, eu entendi que há despedidas que não são definitivas. Algumas são apenas pausas antes de um reencontro.
Nota final:
Este texto é apenas uma parte de algo maior. No final deste ciclo, quero deixar registrado, em vários lugares, a minha gratidão imensa por esta escola maravilhosa e pelos profissionais de excelência que a tornam tão especial. Mesmo sem um trabalho conjunto direto ou um diálogo constante, eles fizeram muito pelo meu filho. E, por isso, nada mais justo do que reconhecer o impacto positivo que tiveram na sua vida. Algumas marcas são eternas, e esta escola deixará uma das mais bonitas no coração dele e no meu.