Despedida com Gratidão

 O ano está a terminar, e não posso deixá-lo ir sem estas palavras. Por vezes, sinto que o silêncio seria mais fácil, mais seguro. Contudo, a minha essência grita que preciso dizer tudo o que ficou preso. As pessoas não são todas iguais, e é cruel usar mensagens para ofender ou humilhar. Pela última vez, deixo claro: não quero mal-entendidos.

Escrevo sabendo que, após estas palavras, nunca mais me dirigirei a si, como fiz até este momento.

Foi um prazer conhecê-la, Senhora Teresa. Apesar de tudo – do tempo, das falhas de comunicação, dos desencontros – não posso ignorar os momentos de beleza que vi em si, quando a sua essência brilhava sem esforço, antes de as confusões e feridas nublarem a paisagem. Há pessoas que carregam dentro de si algo único, uma luz que nem os piores conflitos podem apagar.

Reconheço que todos temos as nossas lutas, os nossos mecanismos de defesa. Cada um carrega um coração moldado por dores, cicatrizes e batalhas invisíveis ao mundo. A senhora não é diferente – como também não sou eu. Por isso, deixo aqui a certeza de que não a culpo, não a julgo e, acima de tudo, não guardo ressentimento. Nunca foi do meu caráter ferir ou derrubar pessoas. Pelo contrário, gosto de elevá-las. No meu coração, guardo apenas gratidão pelos momentos bons que testemunhei e pelo que aprendi com a sua presença.

Nesta mensagem, que é uma despedida carregada de sinceridade, peço desculpa. Sim, peço desculpa pelo que a senhora acredita que fiz, mesmo que não tenha sido a minha intenção. Peço desculpa pelo que não fiz, pelo que ficou por fazer, e até pelo que acha que deveria ter feito e eu não fiz. Mais do que isso, peço desculpa pelo que quiser, pelo que precisa que eu peça, pois não quero que reste qualquer peso entre nós.

A minha intenção nunca foi invadir o seu espaço, ferir as suas defesas ou apagar a sua verdade. Quero apenas que saiba como a vi – e como continuo a vê-la, independentemente de tudo. A sua resiliência, a força serena que possui e aquela simpatia natural e rara são características que sempre vou recordar com respeito e admiração.

Por favor, não permita que o tempo ou as feridas lhe roubem a sua essência. Não se esqueça da mulher extraordinária que é, nem das qualidades que a tornam tão única. Não deixe que ninguém a mude, a não ser a si própria, caso assim o deseje. Espero que continue a brilhar, porque o mundo precisa de pessoas como a senhora, mesmo quando essas pessoas não percebem o impacto que têm nos outros.

Com estas palavras, encerro qualquer gesto ou voz dirigidos a si. Não voltarei a escrever, mas as memórias de quem foi e continua a ser, permanecerão comigo. Prefiro recordar os bons momentos e guardar aquilo que de melhor vi em si.

Termino este texto pedindo desculpa, uma vez mais, mesmo sem culpa. E faço-o porque respeito a senhora e porque desejo que encontre paz e serenidade em tudo o que vier. Desejo que nunca lhe falte amor, luz e felicidade.

Despeço-me, finalmente, com estima e respeito, deixando-lhe esta última palavra: gratidão.

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Este texto, ao contrário de muitos que escrevo, tem um destinatário claro. Não é uma arma de arremesso, nem pretende ferir ou acusar, mas é um desabafo, uma despedida e uma libertação. São raras as vezes em que direciono as minhas palavras a uma única pessoa. Tenho uma vida plena e preenchida – com a minha família, os meus amigos e Deus. Escrevo muito, é verdade, mas, na maioria das vezes, escrevo para todos e, acima de tudo, para mim.

A escrita é a forma que encontro para organizar os pensamentos, enfrentar as emoções e dar voz ao que não posso ou não quero carregar no silêncio. Não escrevo para atacar; escrevo para libertar. Este texto é para ela, mas também para mim, porque conclui uma etapa. E se, de alguma forma, ele tocar outras pessoas, que seja para o bem – como uma ponte de compreensão e uma oportunidade de deixar ir aquilo que já não pertence ao presente.

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