Amei
Eu amei com a coragem de quem não teme se perder,
com a intensidade de quem sabe que amar é se expor,
é se despir das armaduras, das certezas,
e confiar no outro como quem confia no próprio chão.
Teci o amor com fios de verdade,
com abraços que eram casa,
com beijos que selavam promessas feitas no escuro da noite.
Eu amei pelo todo, pelo eterno, pelo agora.
Mas o que encontrei foi vazio,
um eco distante onde deveria estar teu coração.
Coração que não sabe amar,
não sente saudades, não chama pelo nome certo.
Um coração que finge calor enquanto gela quem o toca,
que ilude com promessas sussurradas
e foge quando a luz do dia pede respostas.
Eu gritei por reciprocidade,
por sentir o mesmo peso,
o mesmo desejo, a mesma entrega.
Mas enquanto eu carregava o mundo
pra te alcançar,
tu simplesmente me deixavas nas margens
do teu querer inconstante.
Amar não é isso,
não pode ser isso.
Amar é ser lar, é ser chão.
É abraçar no meio da tempestade
e não soltar mesmo quando os ventos rugem mais alto.
E se o teu amor não soube amar assim,
então nunca foi amor.
E hoje, guardo em mim a certeza amarga:
não te faltava carinho,
não te faltava calor.
Te faltava coragem de ser inteiro,
de ser transparente, de ser amor.
Agora, enquanto eu me ergo dos pedaços que sobraram,
eu deixo que a saudade seja apenas um lembrete
do que eu já fui capaz de dar.
Mas não deixarei que ela me prenda a alguém
que nunca soube me chamar pelo nome certo.
Amar é reciprocidade,
é a coragem de ser vulnerável,
é entrega, é verdade.
E se teu coração nunca conseguiu ser tudo isso,
então era de gelo,
e o meu, feito de fogo, já se apagou.