Retrospectiva

 Hoje termina mais um ano, e sinto-me inclinada a fazer uma retrospectiva cuidadosa e sentida do que foi este período que agora encerro. Não se tratou apenas de um simples somatório de dias ou meses. Este foi um ano de partilha, de alegria e de inúmeras bênçãos que enriqueceram a minha caminhada, tanto no plano espiritual quanto pessoal.

Conheci pessoas extraordinárias, de uma humanidade ímpar, que me estenderam a mão num gesto sincero de amizade e solidariedade. Foram elas que me ensinaram a virtude sob novas perspetivas, revelando-me uma beleza ainda mais profunda e transformadora. As atitudes dessas pessoas marcaram-me pela autenticidade, pelo amor e pela partilha desinteressada. Vieram iluminar ainda mais o meu carácter, inspirando a minha evolução e fortalecendo a minha fé. Por tudo isso, sou imensamente grata.

Este foi o ano em que compreendi que a vida não se trata apenas de viver na fé; trata-se de fazer dela um pilar central, uma luz orientadora em cada gesto e decisão. Transformei-me numa peregrina na fé, assumindo com plena consciência o caminho que sempre trilhei, mesmo que por vezes de forma inconsciente. Decidi integrar-me ainda mais profundamente na comunidade católica, pois sou católica não apenas no nome ou na devoção, mas nas práticas e nos princípios que regem a minha existência. Participo na Eucaristia, pratico o Evangelho na minha vida diária, e dedico-me à construção de um mundo melhor, guiada pelo amor de Cristo.

Mas este ano também não foi feito apenas de caminhos serenos ou paisagens encantadoras. Enfrentei turbulências e desafios que, embora áridos, me ensinaram lições importantes. A vida raramente é simples; ela mistura adversidade com dádivas, dor com esperança. Contudo, entendi que essas provações não definem o meu caminho, nem abalam a paz que carrego em mim. Podem ter importância para aqueles que, movidos por mágoa, inveja ou outros sentimentos desordenados, procuram ferir-me ou subjugar-me, mas não têm poder sobre a minha essência.

Optei por arrumar o que estava desorganizado na minha vida, tornando o espaço mais confortável para os que me rodeiam. Pedi desculpa, mesmo quando, na minha perspetiva, não havia erro. Fiz isso por amor, porque Jesus nos ensinou a seguir um caminho de perdão, de compaixão e de verdadeira empatia pelo próximo. Percebo que nem sempre conseguimos enxergar os erros em nós mesmos, mas por vezes, um gesto de reconciliação é mais poderoso do que ter razão. A prática do amor cristão ensina-nos essa humildade, e eu escolhi praticá-la.

Entre tantos ensinamentos, aprendi também que o perdão é um dom sagrado. Refletindo sobre tudo, há algo que sinto no meu coração: senhora Sandra, não a conheço, mas eu perdoo o que diz e escreve. Perdoar é libertar, é dar espaço para a paz interior prevalecer. Não carrego ressentimentos porque sei que a vida é muito mais rica quando guiada pelo amor e pela compreensão.

Hoje, olho para os meus mais próximos e vejo neles sinais claros de felicidade. O meu filho encontra-se contente e pleno. O meu esposo encerrou o ano de forma mais leve e positiva. A minha filha segue o seu caminho com firmeza e alegria. Quanto a mim, sinto-me serena e em paz. Agradeço a Deus logo ao abrir os olhos todas as manhãs e dirijo também a minha devoção à Virgem Maria, Mãe cheia de graça e luz, que me guia e protege.

Ao colocar o ano que termina numa balança, não tenho dúvidas: foi um ano maravilhoso. Entre bênçãos, desafios e superações, encontrei sentido e crescimento. E sei que muitos leem o que escrevo porque encontram nas minhas palavras um reflexo das suas próprias vivências. Escrevo sobre sentimentos, sobre a vida, sobre as lições que enfrentamos todos os dias. Retrato injustiças e amores, dores e esperanças, sempre ancorada na experiência que a vida me oferece. 

Neste texto, deixo não apenas uma retrospectiva, mas uma afirmação: a vida vale sempre a pena. É na entrega, no amor, no perdão e na capacidade de compreender o outro que encontramos verdadeira redenção e propósito. Assim, encerro este ano com o coração cheio de gratidão e confiança no futuro, porque sei que, com fé, o melhor sempre está por vir.

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