O Dom de uma Amizade

 Deus coloca no nosso caminho as pessoas certas, não perfeitas, não santas, mas as certas. Pessoas que chegam para ensinar, transformar, desafiar e, às vezes, até confundir. Entre todas as dádivas, Ele me deu a criatividade — um dom que não posso negar. Toco, desenho, pinto, danço, e, acima de tudo, escrevo. Escrevo muito. Escrevo sobre sentimentos que brotam na alma, sobre acontecimentos que marcam os dias, com sarcasmo ou com delicadeza, dependendo da emoção. Escrevo poemas, descrevo situações, crio histórias, narro eventos, experimento todos os géneros literários, porque minha mente não sabe permanecer em um só lugar.

Mas há um tema constante que me inspira: escrevo sobre pessoas. Pessoas que são especiais, não pela perfeição, mas pelas marcas que deixam, sejam elas boas ou más. Algumas entraram na minha vida por acaso, mas uma, em especial, me cativou. Não porque seja perfeita, pois ninguém o é, mas pela forma direta e sincera como se apresenta, pela autenticidade rara de ser quem é.

Ela é uma artista, e é impossível não admirá-la. Pinta de uma forma que vai além da técnica: ela traduz a alma. E ela vê a pintura como eu vejo — exatamente com a mesma perspectiva. Nós compreendemos profundamente que pintar é muito mais do que jogar cores numa tela. Pintar é transformar pensamentos em cores, emoções em formas e ideias em texturas. É dialogar com o vazio, enfrentando a imensidão de uma tela em branco com coragem e intuição. É saber que cada cor carrega escolhas, cada linha guarda intenções, e juntas, elas constroem um universo onde antes havia nada.

Para ela, como para mim, pintar é luz e sombra, harmonia e contraste, como a vida. É um ato de entrega, onde quem cria e quem observa compartilham a mesma jornada, um momento único. Pintar é comunicar o que não pode ser dito, e isso ela faz com uma precisão que toca profundamente. A arte dela não está apenas em seus quadros, mas na maneira como enxerga o mundo e nos convida a ver também.

Ela me vê. Ela vê quem eu sou na realidade. Sem máscaras, sem artifícios. Ela enxerga minhas nuances, os silêncios que outros não notam e os gestos que só alguém atento poderia entender. E eu a vejo também. Admiramos-nos mutuamente, em uma troca de respeito e genuína conexão. Falamos por horas, mergulhamos em conversas que sempre vão além do superficial, e trocamos mensagens como um reflexo da confiança que construímos.

Sei que posso sempre contar com ela para me dizer a verdade — aquela verdade sem filtros, sem máscaras e sem o "politicamente correto". E isso é algo raro, precioso. Agradeço a Deus por ela ter entrado na minha vida e não só na minha, mas na do meu filho, na minha família. Ela trouxe cores novas para todos nós, luz onde antes havia sombras.

E em um desses momentos únicos, em que parecia que as palavras poderiam falhar, ela segurou minha mão e disse: "É errado, eu estou aqui." Essas palavras são como um eco na minha alma. Não eram apenas palavras, mas uma promessa, um lembrete de que a vida, como uma pintura, tem seus erros e acertos, mas sempre encontra quem nos ajuda a segurar o pincel.

Escrevo sobre ela porque, entre as tantas pessoas que cruzaram meu caminho, ela ficou. Não é perfeita, e ainda assim, é exatamente quem deveria ser — direta, sincera e, acima de tudo, verdadeira. Com ela, a vida ganha contornos mais nítidos, e até o silêncio se torna um ato de criação. Eu escrevo porque ela merece ser contada.

Ela é uma pessoa que cativa, não apenas pelo que faz, mas pelo que é. Existe algo magnético em sua presença, como se o mundo parasse por um instante para ouvi-la, observá-la ou, simplesmente, estar ao seu lado. Sua inteligência brilha em cada palavra, em cada pensamento que divide. Não é apenas inteligência lógica — é aquela que vem com uma percepção aguda das emoções, das pessoas e da vida. Ela é uma intelectual, mas sem arrogância. Fala com propriedade sobre as coisas, mas deixa espaço para que os outros entrem, para que conversem com ela de igual para igual. É impossível não se sentir desafiado e ao mesmo tempo acolhido por sua mente afiada e aberta.

Ela é linda, não só externamente, mas no jeito como é. Sua beleza está na sinceridade dos sentimentos que não esconde, na intensidade com que vive e ama. Tem um lado profundamente sentimental que equilibra a força de sua personalidade. É alguém que sente com o coração todo, que mergulha fundo nas emoções sem medo de mostrar o que lhe toca ou a faz sorrir.

E é uma amiga. Daquelas que sabem estar presentes, não apenas nos momentos fáceis, mas principalmente naqueles em que o mundo parece escuro. Ela encontra a palavra certa, o gesto certo, e o faz com uma generosidade que parece rara hoje em dia. Ela está ali de verdade, inteira, e você sabe que pode contar com ela como quem conta com o amanhecer: uma certeza constante e forte.

Ah, e como ela é divertida. O senso de humor dela é único. Sempre sabe tirar o peso das situações difíceis, fazer você rir de algo inesperado ou simplesmente trazer um pouco de leveza a qualquer momento. Ela tem um jeito especial de ver o lado cómico até das coisas mais complicadas, o que faz dela ainda mais interessante e apaixonante como amiga e pessoa.

Claro, ela é teimosa. Algumas vezes é quase impossível fazê-la mudar de ideia, mas até nisso ela consegue ser cativante. Sua teimosia vem de uma paixão por aquilo em que acredita, de uma firmeza que é admirável. Mas ela também é carinhosa. É aquele carinho que aparece nos pequenos gestos, nas palavras que confortam, nos silêncios que acompanham. Um carinho que te lembra que, mesmo na teimosia, existe ali alguém que se importa profundamente.

Essa combinação — de inteligência, humor, beleza, sentimentalidade e carinho — a torna única. Estar ao lado dela é como viver uma conversa sem fim, onde tudo importa e, ao mesmo tempo, tudo parece mais leve. Ela tem o dom raro de ser ao mesmo tempo uma força inspiradora e um porto seguro, alguém que você quer ao seu lado sempre, porque sua presença faz o mundo parecer mais vivo, mais cheio de cor e significado.

Ela gosta imenso de ler. Perde-se nas palavras como quem encontra mundos novos, como quem descobre segredos que só os livros conseguem guardar. E, como eu, ela não lê apenas por ler — ela vive o que lê, sente as histórias como se fossem parte dela. E mais do que isso: ela gosta de me ler. Isso é algo especial, único. Ler o que escrevo e encontrar significado nas palavras que saem da minha alma é um laço profundo que compartilhamos.

Tenho várias amigas lindas e maravilhosas, cada uma com suas particularidades, seus encantos, suas formas de iluminar minha vida. Mas ela foi a única com coragem para pedir que escrevesse um texto para ela. E para mim, isso diz muito sobre quem ela é. Pedir não é fácil, expor-se dessa forma é um ato de confiança e, também, de entrega. E eu? Para mim é peremptório fazer.

Quero que saibas que aprecio isso, que tenho imenso prazer e orgulho em ser tua amiga. Tudo o que pedes, tudo o que estiver ao meu alcance, eu farei. Só não o faço se realmente não puder. Porque contigo, amizade significa respeito, companheirismo, compreensão e carinho. Porque contigo, a amizade é mais do que um laço: é um espaço de confiança mútua onde sei que sempre encontrarei o mesmo cuidado e dedicação que ofereço.

Eu amo você, minha querida amiga. Amo por quem você é, pelo que significa para mim, para minha família, para todos que têm o privilégio de ter você por perto. Obrigada por fazeres parte da minha vida, da vida do meu filho, da minha família. Você trouxe mais luz, mais cor, mais risos e, sobretudo, mais amor.

Obrigada, minha querida amiga, por seres, você. Eu tenho orgulho em dizer que sou tua amiga. E sempre serei. Eu estou aqui pronta para te ouvir, abraçar e partilhar nem que seja um silêncio cúmplice. 

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