Dezembro de novo.
Já é quase dezembro de novo. É curioso como o tempo tem esta habilidade de nos surpreender, mesmo quando pensamos estar preparadas para o seu fluxo constante. Olho para trás e vejo o quanto mudei, o quanto cresci. O meu cabelo já não tem o mesmo comprimento, talvez não tenha sequer a mesma textura, mas representa uma versão mais amadurecida de mim. O meu perfume mudou, e com ele, a forma como me apresento ao mundo. Escolho agora aromas que me definem melhor, que traduzem a mulher que me tornei.
Os meus círculos de amigos diminuíram. Não foi por desamor ou desleixo, mas porque a vida tem o seu próprio ritmo e, às vezes, leva-nos por caminhos que nos afastam das pessoas que um dia pensamos nunca perder. Isso não significa que o carinho desapareceu; apenas que as prioridades mudaram, que as rotas se redefiniram. Guardo, no entanto, os laços verdadeiros, aqueles que resistem às estações.
Adoptei novos hábitos que me fazem sentir mais conectada comigo mesma. Há rotinas que hoje são pequenos refúgios de paz, enquanto outras, que outrora pareciam essenciais, deixaram de fazer sentido. Não há culpa nisso, só crescimento. Desisti de alguns planos porque a vida, na sua sabedoria, mostrou-me que nem tudo o que desejamos é o melhor para nós. E comecei outros, talvez mais modestos, mas alinhados com aquilo que sou agora.
No meio de tudo isto, entendi uma verdade fundamental: a vida segue, imparável, e nós seguimos com ela, ainda que por vezes o ritmo seja hesitante. Aprendi que as dores passam, as alegrias mudam de forma e as memórias, por mais intensas, acabam por encontrar o seu lugar nas prateleiras do coração. Tudo passa. As estações, as tempestades, os sorrisos efusivos e até as lágrimas mais salgadas.
E aqui estou eu, quase a fechar mais um capítulo, com uma alma um pouco mais leve, um pouco mais sábia. Aceitei que a impermanência é a única certeza, e isso trouxe-me paz. Porque, no fundo, não importa se é dezembro ou agosto, se estou a começar ou a terminar; importa apenas que continuo, que respiro, que aprendo. E assim, a vida segue – e eu também.