Benditos Corações que Escolhem Ficar
Benditos sejam os que cruzam o nosso caminho e, em vez de causar tempestades, trazem a brisa suave que acalma e serena. Benditos sejam aqueles que, sem pressa e com leveza, nos alcançam com palavras que aquecem a alma e dissipam os medos. Não invadem, não exigem, apenas tocam, com cuidado e respeito, como quem entende que, por dentro, somos feitos de cristal. Que bênção são esses que falam o idioma da paz, cuja presença não perturba, mas aconchega; são estes os que plantam serenidade nas terras mais áridas de nosso coração.
Benditos sejam os que olham para nós e veem além das nossas falhas e imperfeições. Aqueles que não nos julgam pelos pedaços quebrados, mas sim pela força com que seguimos adiante. São eles que escolhem aceitar-nos inteiros, com tudo o que há de sombra e luz, sem tentar moldar-nos ao que idealizam. Como é raro e precioso encontrar quem nos abrace não apesar dos nossos erros, mas com eles, como se cada fragilidade fosse apenas uma nuance na tela da nossa humanidade.
Benditos, também, sejam os que poderiam escolher ser nada, mas escolhem ser tudo. Não esperam por gratidão nem retornos, e mesmo assim oferecem partes de si em doação. Tornam-se presença em momentos de vazio, tornam-se alívio em tempos de dor. Não se limitam a ocupar espaço, mas fazem-se companhia. Estes, que têm em si uma alma maior que o mundo, transformam as nossas quedas em lições e as nossas lutas em partes essenciais da nossa trajetória.
Há uma luz particular nesses seres que chegam até nós como anjos, flores ou passarinhos. Às vezes, vêm discretos, quase imperceptíveis, mas logo percebemos que são como poesia em movimento: irradiam beleza, esperança, calor. Eles nos dão asas para que possamos voar mais alto, confiantes, enquanto seus gestos e palavras transformam as tempestades internas em bonanças. Ainda assim, com a liberdade que tanto valorizam, escolhem ficar, sendo nosso ninho, sendo abrigo em dias de vendaval.
Benditos sejam esses corações iluminados, pois são a prova de que ainda há beleza na existência. Eles não chegam para resolver os nossos dilemas ou para preencher os nossos vazios. Chegam para caminhar ao nosso lado, para dividir o peso, para oferecer um sorriso onde só havia silêncio. E, por isso, mais do que presença, tornam-se porto seguro.
Benditos sejam, enfim, esses raros e valiosos encontros que fazem da vida uma jornada mais leve e digna de ser vivida. Que aprendamos com eles a ser também anjos, flores ou passarinhos no caminho de quem precisar de ninho. Que sejamos, assim como eles, o gesto de amor que escolhe sempre permanecer.