Caminhar Leve, Ir Mais Longe
Se me perguntarem como estou, respondo sem rodeios: estou indo. Caminhando, seguindo em frente, mesmo que os passos, por vezes, ainda pareçam incertos. Vou sem pressa, mas com decisão, e o mais importante: com a bagagem mais leve.
A vida ensinou-me que os pesos desnecessários acabam por ser os que mais nos travam. Aquilo que insistimos em carregar, mesmo quando já não nos serve, transforma-se em dores persistentes, que se alojam nos ombros e na alma. Foi difícil perceber isso. Passei muito tempo a guardar tudo – memórias, mágoas, expectativas que nunca se cumpriram. Mas chegou o momento de abrir a mala, esvaziá-la por completo, encarar o que estava no fundo e limpar os restos que me prendiam ao passado.
Agora, com a bagagem limpa, posso enchê-la novamente. Não de qualquer coisa, não de sobras ou fardos, mas de escolhas conscientes, de vivências que tragam cor e sentido à minha jornada. Quero sensações que despertem em mim um brilho novo, que tragam frescura às rotinas gastas. Quero situações que desafiem, mas que também construam, que deixem marcas positivas ao invés de feridas. Quero pessoas – não aquelas que passam pela vida como sombras, mas as que se tornam luzes, companheiras, risos e silêncios partilhados.
Vou preenchê-la com o novo. Com tudo o que me faça sentir viva, com aquilo que se encaixa no espaço renovado da minha mala, da minha vida. Sei que é um caminho contínuo, uma procura constante, mas essa é a beleza de seguir em frente. Não há pressa em chegar, não há necessidade de um destino definido. O simples ato de ir já é, por si só, uma libertação.
É curioso como nos sentimos mais leves quando deixamos para trás aquilo que não precisamos. Menos fardos, mais espaço para respirar. Menos lamentos, mais possibilidades de sorrir. É nesse equilíbrio que encontrei o impulso para continuar, mesmo nos dias em que o caminho se torna árido e os pés hesitam. Estou a criar espaço, a dar-me o direito de viver o agora sem as amarras do ontem.
Estou indo. Com menos coisas, mas com mais esperança. Não sei onde vou chegar, nem preciso saber. Basta-me o movimento, a sensação de leveza, o renovado sentido de que a vida, com todas as suas mudanças, é um convite constante a recomeçar.