O Valor Inquebrantável da Mulher: Um Manifesto contra a Violência e pela Dignidade

 Num mundo onde ainda ecoam vozes que tentam silenciar a essência feminina, onde o amor, tantas vezes, é confundido com posse, e o companheirismo deturpado em controle, é urgente — e vital — afirmar com clareza: nenhuma mulher deve permitir que a sua dignidade seja corroída pelo veneno da violência, seja ela física, emocional ou psicológica.

A violência doméstica, muitas vezes silenciosa, camuflada sob o disfarce do “cuidado” ou do “ciúme justificado”, é uma chaga que alastra sem alarde, mas destrói com fúria. Não é amor quem humilha. Não ama aquele que rebaixa, controla, manipula ou sufoca. Amor não é cárcere nem contrato de obediência. Amor é liberdade acompanhada, é respeito pela individualidade, é olhar o outro e vê-lo inteiro, sem tentar diminuí-lo para caber na estreiteza da própria insegurança.

A mulher não foi criada para ser sombra, eco ou adorno. Ela é luz própria, pensamento vivo, identidade plena. Quando um homem tenta moldá-la segundo os seus próprios moldes de domínio — cortando-lhe o pensamento, restringindo-lhe os passos, destruindo-lhe o brilho — não está a amar, está a tentar apagar o reflexo daquilo que ele próprio teme: a força feminina.

Não, ele não muda. A menos que deseje profundamente mudar e percorra, por sua conta, o caminho difícil do arrependimento genuíno e da reeducação emocional. Mas nenhuma mulher deve permanecer no inferno à espera do céu. O amor-próprio exige acção, e a fé, quando verdadeira, jamais pede resignação diante da injustiça.

Como mulher, autêntica, fiel a mim mesma, generosa por natureza e espiritual por convicção, afirmo com coragem: merecemos um amor que liberte, não que aprisione. Sou casada com um homem que me vê, que me ouve, que me ama tal como sou — inteira. Caminhamos lado a lado, e não em hierarquias. Essa é a ordem divina: parceria, não subjugação; respeito mútuo, não servidão disfarçada de devoção.

Como católica, acredito que Deus criou o homem e a mulher para serem companheiros na travessia da vida — não para que um se sobreponha ao outro. A mulher foi feita do lado do homem, não da sua frente para liderar nem das suas costas para seguir sem questionar. Foi feita da sua costela, para caminhar ao seu lado — igual em dignidade, distinta em essência, mas nunca inferior.

Mulheres, não aceitem menos do que merecem. A vida é um dom sagrado, e a liberdade, um direito inalienável. Que cada uma reencontre a força esquecida, a voz abafada, o brilho velado. Que todas possamos viver amadas, não por uma versão diminuída de quem somos, mas por sermos exactamente quem fomos criadas para ser: inteiras, íntegras, imensas.

E a quem estiver num lugar de dor, que saiba: há saída. Há luz. E há vida para além do medo.

Com coragem e esperança,

Uma mulher inteira, por inteiro.



Conclusão — O Mistério do Sonho e a Voz Interior

Duas vezes sonhei. Sonhos em que falo com alguém — uma presença sem rosto, sem nome, sem género — e, no entanto, tão intensamente viva. Lembro-me com uma nitidez inquietante do que digo: as palavras, os gestos, o abraço, a força que ofereço. Mas não sei a quem falo. Não é a mim — disso estou certa. Vivo inteira, intensamente, plenamente desperta na vida. Não preciso de me reencontrar, porque nunca me perdi.

E, ainda assim, esses sonhos voltam. Não como alucinações fugazes, mas como diálogos inteiros, quase sagrados, impressos na memória como se tivessem sido vividos em carne e espírito. Porquê? Porquê esta urgência de verbalizar, de escrever, de deixar registo do que sonhei? De onde vem esta pulsão de traduzir em palavras aquilo que me visita em silêncio?

Talvez — apenas talvez — seja a alma a falar em camadas que o consciente não alcança. Talvez seja o eco de algo maior do que eu: uma missão, uma intuição, uma verdade que ainda não tem forma, mas que já pulsa em mim como profecia. Escrevo porque as palavras me nascem por dentro, não como escolha, mas como chamamento. São revelação, são ponte, são cura.

Talvez esses sonhos sejam um espelho: não para mim, mas para outras mulheres que se perderam de si mesmas. Talvez aquilo que digo, em sonho, não seja apenas consolo, mas semente — uma força que precisa ser lançada ao mundo. E se não sei quem me escuta, talvez não importe. Porque o que importa é que há alguém a ouvir. Alguém que precisa de ouvir.

No fim, escrevo porque é a forma mais verdadeira de permanecer inteira. E sonho — mesmo sem entender — porque há verdades que só o espírito reconhece antes de a mente compreender. Quando acordo sinto-me exausta após estes sonhos, espero que não se repitam muito mais.

Talvez a resposta não esteja no rosto da pessoa desconhecida. Talvez a resposta esteja nas palavras que, noite após noite, continuam a nascer de mim.

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