Banco alimentar...
Caro leitor
Uma das coisas que gosto além de aprender e evoluir, é a de esclarecer, a pergunta é pertinente e espero que a resposta encontre alguém com uma mente afiada e aberta para a racionalidade
"Em que é que os católicos se diferenciam de outras religiões, especialmente no que toca à ajuda social? O Banco Alimentar ajuda todas as instituições?"
Resposta :
Uma das grandes marcas do catolicismo é a sua visão universal da caridade. A fé católica ensina que todos os seres humanos são filhos de Deus e, por isso, merecem ser tratados com igual dignidade, independentemente da sua religião, nacionalidade, cultura ou condição social. Esta visão tem consequências muito concretas na forma como os católicos se envolvem na ajuda ao próximo: não se limitam a ajudar “os seus”, mas procuram acolher todos os que precisam, sem distinção.
É aqui que se começa a perceber uma diferença clara entre o catolicismo e outras tradições religiosas ou grupos fechados que, por vezes, limitam a sua ajuda aos próprios membros. Nalgumas dessas religiões ou seitas, a caridade é condicionada: só se ajuda quem partilha a mesma fé, quem frequenta os mesmos cultos ou quem aceita certas doutrinas. Essa abordagem transforma a ajuda numa forma de controle ou pertença. Em contraste, os católicos — quando vivem verdadeiramente a sua fé — praticam uma caridade incondicional, inspirada na figura de Cristo, que ajudava todos, sem perguntar quem eram ou o que acreditavam.
Um exemplo concreto desta diferença pode ser observado no trabalho do Banco Alimentar Contra a Fome. Esta instituição, embora não pertença à Igreja Católica, foi fundada em 1991 por Isabel Jonet, uma católica praticante. A sua formação cristã teve e continua a ter influência direta nos valores do Banco Alimentar, que se refletem na forma como a organização atua: com solidariedade, respeito pela dignidade humana, universalidade e espírito de serviço.
O Banco Alimentar é uma organização laica e independente, mas colabora com todas as instituições que prestam apoio social, sejam ou não religiosas, católicas ou de qualquer outra fé. Trabalha com paróquias, Cáritas, Misericórdias, IPSS laicas, associações de bairro, e até instituições sem qualquer ligação religiosa. O critério para ajudar não é a identidade religiosa da instituição, mas sim o impacto real que essa instituição tem junto das pessoas carenciadas.
Além disso, o Banco Alimentar não distribui alimentos diretamente às famílias, mas funciona em rede com mais de 2.500 instituições parceiras em Portugal, garantindo que a ajuda chegue a quem realmente precisa, com base em critérios sociais, não religiosos.
A influência católica de Isabel Jonet reflete-se ainda na valorização do voluntariado. O trabalho no Banco Alimentar é feito por milhares de pessoas que oferecem o seu tempo sem receber nada em troca, movidas por um espírito de serviço que está profundamente enraizado nos valores cristãos.
Portanto, o exemplo do Banco Alimentar mostra como a fé católica, quando vivida com autenticidade, não cria fronteiras, mas antes derruba barreiras. A ajuda não é um privilégio dos “nossos”, mas um dever perante qualquer ser humano em necessidade.