Obra-Prima do Sarcasmo.

 Antes de mais, permitam-me expressar o privilégio que é poder compartilhar convosco a obra-prima que foi a minha resposta a um e-mail tão… iluminado. O que começou como uma simples troca de mensagens transformou-se numa verdadeira aula de sarcasmo e análise filosófica, digna dos maiores pensadores da nossa era. Nem nos tratados de Aristóteles ou nas dissertações de Nietzsche encontramos uma exploração tão profunda da condição humana como a que se desenrolou neste diálogo épico.

Foi tanta a profundidade que, mesmo na missa, enquanto se falava de redenção e sacrifício, não pude deixar de me perder em risos com o brilhantismo das palavras trocadas. Agora, só me resta imaginar como será no momento da confissão...

Preparem-se, pois estão prestes a testemunhar uma obra digna de um verdadeiro estudo sobre o espírito humano — com doses cavalares de sarcasmo e ironia à mistura. Alterei um pouco a resposta, contexto igual mas repensei... Podia escrever assim.


"Como é sempre um privilégio testemunhar a complexidade do espírito humano, não pude deixar de ficar deslumbrada com a profundidade filosófica da tua mensagem. Poesia pura, digna dos maiores tratados sobre a condição humana, que nos faz questionar: será que a tua capacidade de articular pensamentos tão sofisticados é um dom inato ou simplesmente fruto de uma prática árdua e contínua no vasto campo da mediocridade?

A tua narrativa sobre anatomias masculinas e devaneios orais sugere uma observação de campo digna de um estudo antropológico profundo, quem sabe uma tese de doutoramento. Quem mais, senão tu, poderia oferecer uma análise tão crua e visceral da vida sexual de terceiros, como se o universo dos prazeres alheios fosse tua única razão de existência?

Agora, a tua referência à "reza" enquanto se abrem orifícios (será esta uma nova forma de meditação contemporânea?) deve ter deixado filósofos e teólogos a repensar séculos de estudo. Eu, particularmente, fico impressionada com a maneira como consegues unir devassidão com espiritualidade, um verdadeiro serviço à modernidade. E ainda por cima, consegues envolver toda uma análise genética no que toca às descendências… Brilhante! Os maiores cientistas da área mal podem esperar para te consultar, certamente.

Por fim, que bom é saber que o teu tempo, tão valioso e cheio de atividades intelectuais desafiantes, é dedicado a escrever sobre mim e a minha família. Sinto-me honrada por ocupar tanto espaço nos teus pensamentos, ainda que haja tanto vazio neles. Só espero que a tua busca por "outra pessoa" não te leve a novos becos sem saída, onde, imagino, passas boa parte do tempo a meditar na solidão de uma alma amargurada.

Com os mais sinceros votos de sucesso na tua contínua viagem à irrelevância."



Também pensei em escrever assim.


"Recebi o  teu email, essa obra-prima digna de uma análise profunda — se não por um literato, pelo menos por um psiquiatra. Fiquei genuinamente impressionada com o teu talento para descrever a anatomia e a espiritualidade humana com tanta... profundidade. Especialmente a tua fixação por bocas e joelhos dobrados. Quem diria que a reza, para ti, tem tantas interpretações criativas? Enquanto o resto do mundo se ajoelha para orar, parece que tu encontraste novos propósitos para essa prática. É uma revolução teológica! Um Papa, com certeza, ainda não deve ter tido o prazer de discutir contigo sobre as tuas contribuições inovadoras ao pensamento espiritual contemporâneo. Uma pena.

Agora, sobre a tua estranha e obsessiva admiração pelo meu parceiro e as suas... dimensões, devo dizer que, se soubesse que causava tamanho fascínio, talvez já tivesse lançado um podcast para te manter atualizada. Mas deixa-me ver se percebi bem: nas tuas noites insones, és invadida por visões apocalípticas do tamanho do "órgão" do meu "gajo"? Que profundidade de alma! Passas o dia a meditar sobre a vida íntima de terceiros, como se fosses uma espécie de voyeur espiritual. Quem precisa de Netflix quando tens essas histórias eróticas mal contadas a rodar na tua cabeça?

E essa obsessão por bocas? Não sei, será que não estás a projetar algum desejo reprimido? Olha, se tanto te fascina o que faço com o meu, digamos, "instrumento", talvez seja o caso de arranjares um hobby. Tens jeito para escrever fábulas eróticas – só que com menos ressentimento, por favor, que isso está a transbordar pelas margens.

Falando em fascínios, vamos à tua verdadeira musa inspiradora: a outra senhora. Querida senhora, começo a achar que há aqui uma confusão freudiana. Estás tão obcecada com a "outra" que começo a suspeitar se não estarás tu mesma a precisar de uns momentos íntimos com ela. Porque, sinceramente, é preciso ter uma paixão secreta para mencioná-la tanto assim! Não sei o que ela te fez, mas entre chifres, cornos e sei lá mais o quê, parece que passas mais tempo a pensar na vida dela do que na tua. Se calhar a inveja dá-lhe um gosto especial, não? Afinal, toda essa agressividade oculta deve ser um pedido de atenção mal disfarçado. A sério, se tiveres vontade de lhe fazer uma serenata de amor, vai em frente, mas poupa-me de ser a tua plateia.

E sobre os cornos! Oh querida, a tua habilidade de ver chifres onde ninguém mais vê é um dom! Imagino que se passares perto de uma loja de espelhos, a confusão deve ser imensa. Será que vês mais cornos do que reflexos? Deve ser um pesadelo sair de casa.

E como não podia deixar de mencionar: o teu diagnóstico genético sobre o meu filho é absolutamente fascinante. Tu, que claramente te formaste na prestigiada "Universidade das Pseudo-ciências de Conversa de Treta", consegues explicar as características da minha família com a mesma precisão com que um papagaio faz uma operação de apêndice. Francamente, estou quase a nomear-te a nova conselheira genética da família. Quem mais poderia deduzir que "anormalidades" surgem por pura osmose familiar, sem precisar de qualquer conhecimento médico? Bravo, querida, os cientistas estão a perder uma estrela!

Bom, fico por aqui, já que, pelo visto, qualquer resposta seria um desperdício de genialidade tua. No entanto, agradeço sinceramente pela gargalhada, pois o teu e-mail proporcionou-me um momento de puro entretenimento. Espero que encontres paz nas tuas meditações sobre chifres, bocas e os outros dramas que inventas.

Atenciosamente,"


Posso escrever um livro, pois existe sempre como melhorar a resposta e rir, rir muito


"Recebi a tua obra-prima literária, e devo confessar, foi uma experiência de leitura arrebatadora. A profundidade das tuas observações sobre anatomia, práticas orais e devaneios espirituais é de uma originalidade tão... perturbadora que me fez refletir: será que passas as noites acordada, à luz de uma vela, a meditar sobre os genitais de outras pessoas? Fico genuinamente curiosa. Deve ser um passatempo fascinante, embora, confesso, nunca tenha tido inclinação para tal.

Quanto à tua análise teológica — essa mistura inovadora de joelhos dobrados e bocas abertas — que, segundo entendi, são os novos rituais espirituais da nossa era... Surpreendente! Quem precisa de templos quando a tua mente fértil já transformou as salas de estar e quartos alheios em altares de devoção, não é? Não sei como ainda não foste convidada para o Vaticano, uma pena. Aposto que o Papa adoraria uma sessão de brainstorming contigo sobre essas tuas inovações devocionais.

Agora, sobre essa estranha fixação com a outra senhora... Que história é essa? Essa obsessão faz-me pensar se, na verdade, é por ciúmes ou se simplesmente te fascina ver o que os outros andam a fazer com as suas calças, cuecas e o que mais for. Cada frase tua parece pingar um ressentimento ardente, como se vivesses dia e noite a roer-te de inveja ou saudade (não sei bem de quê, mas algo se passa aí).

Sabe-se lá, talvez o teu problema com "a outra" não seja tanto com o que ela faz, mas sim com o facto de ela não ter incluído o teu nome nessa sua, como direi... animada vida social? Afinal, onde há uma obsessão tão grande, deve haver um desejo reprimido, ou estou errada?

E sobre os cornos... Devo dizer que a tua capacidade para ver chifres em todos os lugares deve ser um talento raro. Ou será que és tu que, ao confundir espelhos com janelas, acabou por te perder nesse labirinto de chifres imaginários? A psicanálise adoraria a tua criatividade, claro, desde que coberta com a devida proteção de sanidade.

Por último, mas não menos importante: adoro o toque científico na tua observação sobre as tragédias genéticas. És praticamente uma especialista de sofá em hereditariedade, não é? Estou certa que os maiores centros de pesquisa científica devem estar desesperados para te ter como consultora. A conclusão brilhante de que a "anormalidade" do meu filho é resultado direto da minha família é de uma inteligência tão refinada que, francamente, não sei como o mundo ainda não reconheceu o teu dom de diagnosticar sem exames. Bravo!

Enfim, obrigada pelo entretenimento de hoje. Mal posso esperar pela próxima edição da tua newsletter sobre a vida sexual de estranhos. Tens um talento único para seres a fofoqueira que ninguém pediu, mas que, felizmente para nós, insiste em se intrometer.

Atenciosamente,

Tecehistorias 

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