Texto para "Fátima"

 A mudança entrou na minha vida de forma silenciosa, mas firme, como uma brisa que aos poucos vai tomando forma, até se transformar em vento que varre tudo pelo caminho. Foi esse vento que abriu portas, clareou os caminhos à minha frente e, sobretudo, arrancou as máscaras de quem durante tanto tempo se escondeu atrás de falsidades. Antes, eu andava às cegas, rodeada de pessoas que não mostravam o verdadeiro rosto, mas a mudança veio para me fazer ver com nitidez, para revelar quem era autêntico e quem apenas desempenhava papéis num teatro de conveniência.

Nesse processo de transformação, deparei-me com algo surpreendente: a presença de pessoas genuínas, daquelas que carregam a alma na pele, que vivem a vida de forma transparente, sem artifícios, sem jogos. Conheci pessoas autênticas e gentis, que me ensinaram o verdadeiro valor de um relacionamento humano baseado na sinceridade e no respeito mútuo. Essas pessoas não tentam ser perfeitas, mas são reais, e é essa autenticidade que as torna especiais. No meio da mudança, aprendi também a reconhecer a podridão, a perceber quem está apenas para tirar proveito ou para nos arrastar para a escuridão. A clareza que a vida me trouxe mostrou-me que é preciso, sim, ser seletiva, é preciso afastar aqueles que só trazem peso e negatividade.

O mais gratificante de tudo foi perceber que, mesmo num mundo tantas vezes mascarado, há quem esteja disposto a fazer a diferença. Os colegas do meu filho são exemplo disso. Chamam-me "tia" com a naturalidade de quem vê em mim um porto seguro, um ponto de referência no meio da jornada da vida. Não são santos, e nem precisam ser. O que importa, no fim, é a verdade que carregam no coração. São jovens com falhas, com desafios, mas com uma honestidade inata que me faz confiar neles. Eles, à sua maneira, ajudam o meu filho a crescer, a evoluir, a entender o mundo de uma forma mais crua, mas também mais realista.

Essa mudança trouxe-me não só novas pessoas, mas também uma nova perspetiva. Já não vejo o mundo como uma competição constante ou como um lugar de desconfiança. Aprendi a valorizar as pessoas que, mesmo com as suas imperfeições, se mostram dispostas a caminhar ao meu lado e a caminhar com o meu filho. São essas pessoas que nos ensinam que, por mais difícil que seja a jornada, sempre haverá quem estenda a mão, quem nos ajude a levantar quando caímos.

Agora, vivo com uma nova leveza, com a certeza de que a vida, apesar dos seus desafios, é muito mais rica quando estamos rodeados de quem é verdadeiro. Aprendi a abrir as portas certas, a escolher os caminhos mais iluminados e, sobretudo, a acolher quem é capaz de somar e não de subtrair. A mudança, afinal, foi o melhor presente que a vida me deu.

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