Ódio.

Pode-me odiar como nunca odiou ninguém. Pode- me difamar, espalhar que sou vazia, que sou só falsidade e aparências, que escondo-me atrás de um sorriso para mascarar a podridão que guardo dentro de mim. Conte ao mundo que fui uma traição disfarçada de amiga, que a deixei para trás quando mais precisava, que fui o desastre que atravessou sua vida e destruiu tudo o que tinha de bom.

Diga que usei suas fragilidades contra si, que explorei cada parte sua que entregou-me com confiança e devolvi em golpes. Conte que fui a pessoa que mais a decepcionou, que nunca estive lá realmente, que tudo o que disse e prometi foram mentiras sem valor. Explique a todos como fui o peso que a arrastou para o fundo, a pedra no seu caminho, a sombra que apagou sua luz.

Diga que sou egoísta, que só pensei em mim, que joguei fora nossa história e a deixei a carregar sozinha o que deveria ser dividido. Pode dizer que sou fraca, vazia, que sou a encarnação da falsidade, que sou a ruína de tudo que aproximei-me. Se isso traz-lhe algum tipo de paz, faça de mim a sua maior decepção.

Deseje-me o pior, imagine-me caindo, a perder tudo. Mas não descarregue o seu ódio no meu filho. Não carregue nele a raiva que sente por mim. Que toda a sua amargura recaia sobre mim, que todos os seus rancores encontrem seu alvo aqui, mas não nele. Ele não tem culpa do que eu fui ou deixei de ser. Odeie-me com cada fibra do seu ser, se isso for o que precisa para seguir em frente. Que eu seja o que restou de ruim, mas que ele seja deixado em paz.

Se tudo o que precisa para se libertar é ver-me como o erro, a sombra, o engano, eu aceito. Porque se ser sua maior decepção for o preço para ver-se livre, então que assim seja. Mesmo sem nada ter feito diga tudo o que quiser de mim, só de mim.







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