Vivo
Vivo...
Sim! Vivo!
Vivo intensamente, com a mesma força com que escrevo, com a mesma paixão com que respiro. Vivo porque não sei ser de outra forma. Cada segundo é um compasso precioso, uma nota vibrante numa melodia que só eu posso ouvir, mas que insisto em dançar até à exaustão. O facto de escolher o que partilho – ou o que guardo em silêncio – não me torna menos viva. Pelo contrário. É nesse ato de escolher que afirmo a plenitude do que sou.
A intensidade da minha vida não se mede em publicações, nem em palavras que outros possam ler. Mede-se nos momentos em que o coração dispara, no riso genuíno que faz-me perder o fôlego, nas lágrimas que lavam-me a alma e devolvem-me mais leve ao mundo. Vivo nos abraços demorados, nos olhares que dizem tudo sem dizer nada, nas vitórias que celebro e nas derrotas que enfrento.
O que guardo para mim não é menos real. Não é menos vivido. Cada momento que não partilho é uma relíquia preciosa, uma prova de que há partes de mim que pertencem apenas a mim mesma. E isso, longe de limitar-me, engrandece-me. Porque viver intensamente não é gritar aos quatro ventos, mas sentir, sentir até ao último átomo de cada instante.
Quando sento-me à mesa com os meus filhos e vejo a luz nos olhos deles ao contar as suas pequenas conquistas, vivo. Quando ouço o som do riso do meu marido, genuíno, tão cheio de nós, vivo. Quando estou com os meus amigos e partilhamos histórias de superação, de sonhos e até de dores, vivo. Quando estou só, a caminhar por uma rua desconhecida, o vento a acariciar-me o rosto, e deixo-me perder em pensamentos, vivo.
Sim, vivo. Mesmo quando troco de email ou de caminhos. Mesmo quando escolho bloquear números ou fechar portas. Não é a ausência de partilha que define-me, mas a intensidade com que abraço cada segundo que me é dado. O silêncio, para mim, é tão vibrante quanto o som. A contenção é tão cheia de significado quanto a expressão desmedida.
A vida é este misto de escolhas, de presenças e ausências, de palavras ditas e palavras guardadas. E eu vivo tudo. Não há segundos perdidos. Cada respiração é uma afirmação de que estou aqui, inteira, presente, grata. Não há partilha que compare-se a essa certeza íntima, tão profunda e tão visceral, de que vivo – intensamente, sem reservas, quase sem arrependimentos.