Ferida, Mas Brilhando.

 Eu sou uma mulher marcada pelas feridas do passado, pelos caminhos que trilhei e pelos abismos que me engoliram quando ninguém parecia ouvir meu clamor. Carrego em meu peito cicatrizes profundas, histórias que poucos ousam encarar, talvez porque a dor de quem olha para dentro é mais intensa do que o julgamento superficial de quem observa de fora. Em momentos de solidão, ergui muros altos, distantes, afastando tudo e todos que tentaram se aproximar, como se meu coração, já ferido e sangrando, não pudesse suportar mais nenhum toque, mesmo que fosse de cura.

Mas no auge da minha escuridão, quando meu céu estava mais sombrio, surgiu uma luz que não procurei, mas que me encontrou. Essa luz não era uma estrela cadente ou um fenômeno passageiro; era o brilho eterno e transformador de Jesus Cristo. Ele não apenas viu as minhas feridas, Ele as conheceu. Ele não apenas tocou o meu coração ensanguentado, Ele o segurou com mãos firmes, mas ternas, como quem sabe que a fragilidade de um espírito quebrado exige cuidado, mas também restauração.

Cristo entrou onde eu nunca deixei ninguém entrar. Ele enxergou além das muralhas, mais fundo do que qualquer ser humano jamais ousou olhar. Não precisou de palavras elaboradas, pois Sua presença já era o consolo que eu não sabia precisar. Ele não me julgou pelos erros, pelos medos ou pelos muros que eu mesma ergui; pelo contrário, Ele me mostrou que até mesmo as ruínas podem ser reconstruídas quando entregues ao Grande Arquiteto.

Ao permitir que Ele habitasse em mim, algo começou a mudar. A dor que antes me definia foi transformada em um propósito maior. As cicatrizes que eu tanto escondia tornaram-se testemunhos de vitória, não porque eu as superei sozinha, mas porque Ele caminhou comigo por cada vale. A vergonha deu lugar à esperança, e o silêncio dos meus muros foi preenchido pelo som de Sua voz, que me dizia: “Tu és luz porque Eu sou a tua Luz.”

Hoje, percebo que o brilho que emana de mim não é meu. Não sou estrela, nem astro, mas um reflexo da glória d’Aquele que me resgatou. Ele pegou cada pedaço do meu coração partido e o transformou em algo novo, algo que eu jamais imaginei. Ele não apagou a escuridão ao meu redor, mas me ensinou a brilhar dentro dela, a ser uma testemunha viva de que a graça é maior que qualquer treva.

Quando olho para as cicatrizes, já não vejo vergonha, mas marcas de amor, porque foram elas que me trouxeram até aqui. Sei que sou imperfeita, frágil, mas essa fragilidade não é mais minha ruína; é minha ponte para Ele. E assim, com cada passo, com cada respiração, eu vivo para refletir a luz de Cristo, a luz que me encontrou quando eu mesma me perdi.

Eu sou mulher, sou ferida, sou cicatriz. Mas, acima de tudo, sou um vaso restaurado pela graça. E enquanto eu viver, quero brilhar para Ele, porque a luz que Ele colocou em mim é eterna. Eu quero simplesmente… brilhar.






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