Todos os dias.

 Todos os dias levanto-me com o propósito firme de trilhar o caminho que acredito ser aquele que Deus traçou para mim. É uma estrada árdua, repleta de desafios, mas também de oportunidades para crescer e lapidar a minha alma. Tento, com toda a força do meu ser, seguir os ensinamentos de Jesus Cristo, que ensinou-nos o amor incondicional, a compaixão desmedida e a capacidade infinita de perdoar. Tento, incansavelmente, ser melhor do que fui ontem: uma mãe mais paciente, uma esposa mais atenta, uma amiga mais solidária. Tento perdoar sem hesitações, sem que o rancor insinue-se nas sombras do meu coração. Tento compreender aqueles que aproximam-se de mim, mesmo que o seu universo interior me seja insondável. Tento não julgar, mesmo quando a tentação de o fazer apresenta-se insidiosa. Tento, acima de tudo, amar com a pureza e a profundidade com que Jesus amava-nos.

E, no entanto, todos os dias falho. É uma falha que confronta-me, que dói-me, mas que, paradoxalmente, também ensina-me. Porque em cada erro descubro uma lição. Em cada deslize, encontro um espelho que revela-me as fragilidades que preciso de enfrentar. Todos os dias reconheço as minhas imperfeições, mas também acolho a oportunidade de as transformar. Todos os dias, de cabeça baixa e coração sincero, peço desculpa. Peço perdão. Mas não apenas a Deus ou aos outros. Peço perdão a mim mesma, porque carrego comigo uma dureza que, por vezes, impede-me de aceitar que falhar faz parte do meu percurso.

Aprendi, ao longo deste caminho, a agradecer. Não apenas pelo que é bom, belo ou confortável, mas sobretudo pelo que é difícil, pela adversidade que desafia-me a ser mais resiliente, mais autêntica, mais consciente. Agradeço pelas pessoas que veem-me exatamente como sou, sem artifícios nem máscaras, mas também por aquelas que inventam-me, reinventam-me, que projetam em mim os seus próprios medos, inseguranças ou preconceitos. Agradeço até por quem toma-me como antagonista, como vilã, porque essas pessoas, ainda que inconscientemente, ensinam-me lições preciosas. Ensinaram-me a não viver para agradar, mas para ser fiel àquilo que Deus espera de mim. Ensinaram-me a distinguir, com serenidade, quem merece permanecer na minha vida e quem devo deixar ir. Ensinaram-me, acima de tudo, a não retribuir com vingança ou mágoa.

Cada adversidade, cada confronto com a incompreensão, cada palavra injusta que me é dirigida serve como um exercício espiritual. Obriga-me a lidar com os meus sentimentos mais sombrios, a dar-lhes nome, a enfrentá-los com coragem, mas sem os deixar envenenar o meu espírito. Aprendi a construir muros, sim, mas não muros que isolem-me do mundo ou que  transformem-me numa fortaleza impenetrável. Construo muros que protegem-me, que  ajudam-me a preservar a minha essência sem que, em momento algum, eu arremesse pedras contra aqueles que permanecem do outro lado.

Este é o meu esforço diário: o esforço de amar sem reservas, de perdoar sem condições, de compreender sem exigir compreensão em troca. Sei que jamais atingirei a perfeição; sei que o caminho é longo e que as falhas serão companheiras constantes. Mas também sei que cada queda, cada lágrima, cada oração dita entre soluços aproxima-me mais de Deus e do propósito que Ele tem para mim. Não busco aplausos nem aprovação, apenas a paz de consciência de quem tenta, com sinceridade, fazer o melhor que pode com aquilo que tem.

E, assim, sigo. Falhando e aprendendo. Caindo e levantando-me. Perdoando e sendo perdoada. A cada dia, torno-me um pouco mais forte, um pouco mais consciente, um pouco mais próxima de quem Deus chamou-me a ser.







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