Não fui eu...

 Ah, então é esta a estratégia de ofensa contemporânea, uma tapeçaria de e-mails infamantes, uma teia de difamações seletivas – e, claro, tudo meticulosamente entrelaçado com a isenção mais descarada que alguém poderia inventar. Sim, na arte da ofensa moderna, a máscara é a alma do negócio. Começamos com um ataque venenoso, onde cada vírgula é um açoite e cada ponto final, uma sentença de morte moral; um “chutinho” aqui e ali para o ego alheio. Mas, após despejar todas as alegorias e metáforas cortantes, invenções e difamações, quando a resposta chega (é claro que ela chega!), a saída é desconcertantemente simples: um email falsificado, um acesso clandestino ao meu correio, um fantasma da internet conspirando contra mim. Fascinante!

Afinal, porque haveríamos de nos responsabilizar pelas próprias palavras, não é? Vamos adotar uma nova narrativa, onde o ofensor é, veja só, a vítima. Sim, é exatamente isso! Eu mesma fui hackeada! Logo eu, que até tento pensar antes de abrir certas gavetas da ironia, mas não resisto à tentação de mandar "verdades" corrosivas no calor do momento.

A beleza do espetáculo é que o destinatário, a outra alma nesta tragicomédia, sabe bem quem sou, sabe com quem fala, conhece o meu tom. Mas é preciso, afinal, cultivar a dúvida na mente de todos: “Foi mesmo ela quem escreveu?”. Transformar a vilania em confusão coletiva, numa cena que beira o teatro do absurdo, onde eu mesma sou vilã, vítima e narradora onisciente. E assim, como um quadro de Dalí ou uma peça mal interpretada de Beckett, o show se arrasta, cheio de cores densas e tons ameaçadores – mas não, a plateia nunca deve saber o que é real.

Agora, se me perguntas se deves acreditar, se há verossimilhança na ideia de que o próprio ofendido se daria ao trabalho de invadir minha caixa de entrada para responder ao ataque com... mais ataque? Bem, parece mais uma obra de ficção barata do que qualquer outra coisa. Mas, honestamente, no campo da miséria humana, há espaço para tudo – até para a ilusão estratégica de uma inocência fingida.


Vou explicar o texto para ajudar na interpretação.

O texto apresenta uma crítica ao comportamento de enviar mensagens ofensivas e, quando confrontado, negar a autoria, alegando que o email foi falsificado ou que a conta foi hackeada. Vou detalhar ponto a ponto, explicando cada parte:


A "estratégia de ofensa contemporânea":

Refere-se a uma "estratégia" que certas pessoas usam: enviar mensagens agressivas, sarcásticas e ofensivas, com o propósito de atacar alguém. O termo "contemporânea" sugere que essa forma de agir pode ser mais comum atualmente, com o uso da tecnologia e dos meios digitais.


"Tapeçaria de e-mails infamantes" e "teia de difamações seletivas":

A imagem da "tapeçaria" e da "teia" transmite a ideia de um plano bem elaborado, com uma sequência de ofensas disfarçadas e espalhadas. Isso indica que esses emails são intencionalmente pensados para difamar a pessoa-alvo, mas de uma forma que possa ser negada mais tarde.


"Máscara é a alma do negócio":

Aqui, diz-se que a verdadeira essência dessa estratégia é "usar uma máscara", ou seja, agir de forma dissimulada, sem mostrar as reais intenções. Neste caso, a máscara é a desculpa que será usada depois para fugir da responsabilidade.


Descrição da mensagem ofensiva:

O texto descreve como a mensagem ofensiva é estruturada. A autora, (eu) diz que o email inclui "alegorias e metáforas cortantes", difamações e invenções (isto é, críticas indiretas, mas afiadas, ofensas e inventa histórias), "chutinhos" (comentários que atacam o ego da outra pessoa) e uma escrita venenosa, que deixa claro o desdém e o desprezo. Cada detalhe do email parece calculado para provocar uma reação intensa do destinatário.


A "saída desconcertante":

Depois de enviar o email ofensivo, caso a pessoa atacada responda, o autor recorre a uma "saída desconcertante": nega que tenha escrito a mensagem. Alega que seu email foi hackeado, que um "fantasma da internet" ou um "inimigo oculto" enviou a mensagem no seu lugar. Em outras palavras, a pessoa inventa uma desculpa absurda para não assumir o que fez.


Inverter papéis: o ofensor vira vítima:

Aqui, a autora (eu) critica como a pessoa que escreveu o email tenta se passar por vítima, mesmo sendo ela quem cometeu o ataque. Essa inversão de papéis é uma estratégia para fugir de qualquer responsabilidade ou consequência pelo que disse.


Descrição do "teatro" da situação:

O texto compara essa situação a um "teatro do absurdo". É como se a pessoa estivesse encenando um espetáculo em que é, ao mesmo tempo, vilã (por atacar), vítima (por alegar que foi hackeada) e narradora (pois conta a história de forma distorcida para convencer os outros).


A dúvida intencional:

A autora (eu) fala sobre a "dúvida" que é intencionalmente plantada na mente dos outros. A ideia é fazer com que os outros se perguntem: "Será que foi ela mesma quem enviou esse email?". Esse jogo de dúvida é uma tática para confundir, manipular e tentar evitar qualquer responsabilidade pelo que foi dito.


Reflexão final sobre a verossimilhança:

No final, a autora (eu) questiona: "Se isso é verossímil?" Ou seja, será que é plausível que o destinatário realmente acredite que a conta da pessoa foi hackeada pelo próprio ofendido? A autora conclui que essa desculpa parece mais uma "ficção barata", mas reconhece que, na complexidade da natureza humana, até essas desculpas improváveis encontram espaço.

Resumo da análise: Em essência, o texto critica de forma bem-humorada e sarcástica a estratégia de atacar alguém por meio de mensagens ofensivas e depois negar a autoria, alegando que a conta foi hackeada. A pessoa que age assim se coloca como "vítima" de um suposto ataque, tentando se esquivar da responsabilidade de suas palavras. É uma análise irónica do comportamento de quem lança ofensas mas, ao ser confrontado, foge do problema com desculpas inverossímeis. Parabéns pelo teatro eu não sou como a senhora, admito o que digo, escrevo e penso. Quando afirmo que não farei algo, ou não fiz algo é mesmo sincero. 







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