Errei... Falhei
Eu errei. Falhei de forma gritante. Acusei outros, projetei minha frustração em terceiros só para não encarar o óbvio – uma verdade que esteve diante de mim o tempo todo, mas que recusei enxergar. Quis acreditar que a pessoa responsável não poderia, de fato, ter sido aquela em quem eu confiava. Preferi pensar que tudo não passava de uma coincidência perversa, uma trama infeliz do acaso, para que o desapontamento não fosse tão brutal, para que eu não me sentisse tão ingénua, tão cega, tão... otária.
É desconfortável, quase insuportável, aceitar que nos enganamos tão profundamente em alguém. O choque de perceber que tudo o que pensávamos ser genuíno, sincero e honesto não passava de uma fachada. Errei ao ponto de preferir apontar o dedo para outros, inocentes, porque era menos doloroso do que admitir que a culpada era exatamente quem eu não queria que fosse. Achei que fosse fácil demais, óbvio demais, pensar que ela seria capaz de um ato tão mesquinho e dissimulado. Acreditei que, apesar de ferida e confusa, ela jamais baixaria a esse nível, que sua dor não a levaria a uma vingança tão rasteira, tão cruel. Mas subestimei a complexidade do que ela carregava e, por isso, errei.
Eu falhei em aceitar meu próprio erro, e acusei terceiros para não enfrentar a realidade de que eu, ingenuamente, acreditei na solidez de um respeito mútuo, de um diálogo sincero, de uma relação fundamentada em algo real. No fundo, isso tudo foi uma tentativa desesperada de preservar a ideia de que havia, sim, uma conexão verdadeira, de que existia alguma consideração recíproca. Mas a verdade, agora evidente, é que o respeito que eu pensava existir nunca foi recíproco; era uma ilusão conveniente, algo que construí para evitar o golpe do desengano.
Sim, falhei. Falhei em ver o que estava diante de mim. Falhei ao buscar justificativas onde havia apenas evidências cruas e claras. Errei ao distorcer o óbvio para não aceitar a extensão da minha ingenuidade. E agora, ao olhar para tudo o que se passou, resta-me apenas o amargo aprendizado de que confiar não é uma fraqueza – mas ignorar os sinais, isso sim, é um erro que cobra seu preço.