O dia.
Hoje foi um dia marcante, repleto de momentos que hão de permanecer na minha memória como uma prova viva do poder do voluntariado. Por vezes, na pressa das tarefas e no calor das exigências, as palavras saem com uma rigidez que não faz jus ao que carregamos no peito. E, no entanto, apesar dos momentos mais exigentes e dos tons que por vezes se elevam, tudo se encaixa, tudo flui, e o bem comum prevalece. O voluntariado tem disso – ele exige tanto quanto entrega, e, ainda assim, proporciona uma satisfação inigualável.
Trabalhamos intensamente, entregamo-nos de corpo e alma a cada tarefa, e, entre os desafios, encontramos espaço para a alegria genuína, a partilha, e a cumplicidade que só a solidariedade é capaz de criar. Existe, neste labor altruísta, uma sensação de pertencimento que transcende a rotina; cada sorriso e cada olhar trocado fazem-me perceber que estou exatamente onde devo estar.
Em meio ao trabalho árduo, há também momentos de descontração, pequenos episódios de riso e desconforto partilhado, que aliviam a carga das tarefas. Divertimo-nos sim, como aqueles que, de alguma forma, sabem que estão onde podem fazer a diferença. E essa é a verdadeira essência de cada momento, de cada palavra trocada, de cada gesto que, embora simples, transforma-se em algo muito maior.
Mas, acima de tudo, o que marca este dia – e todos os outros passados ao serviço do voluntariado – é a oportunidade de impactar a vida de alguém. É olhar para o outro e ver não apenas um destinatário da nossa ajuda, mas um ser humano com uma história, com sonhos e com necessidades. É, em cada ação, estender as mãos não só para suprir uma carência imediata, mas também para plantar uma semente de esperança e de dignidade.
Sim, há cansaço, há exaustão, e há momentos em que questionamos a nossa própria resistência. Mas é nesses instantes que percebo o quão profundo é o privilégio de estar aqui, de fazer parte desta teia de gestos e de intenções que se entrelaçam para gerar algo maior que qualquer um de nós. Este é o verdadeiro sentido do voluntariado: não é apenas dar, é partilhar, é crescer e, sobretudo, é transformar vidas – a dos outros, e, inevitavelmente, a nossa.
Hoje, ao final de mais um dia intenso, a gratificação é profunda, e sinto-me renovada por dentro. Afinal, cada dia no voluntariado é uma lição, um convite a sermos melhores, a sermos mais humanos, a abraçarmos uma causa que, em última instância, dá sentido ao nosso próprio existir.