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A mostrar mensagens de novembro, 2024

Sábado.

 Hoje, o meu sábado foi uma ode à simplicidade e à plenitude, uma jornada onde cada instante se revelou uma preciosidade em si mesmo. Acordei cedo, embalada por aquela serenidade única que parece pertencer apenas ao início dos fins de semana. Lá fora, o dia anunciava-se com um céu limpo e promessas de momentos que encheriam o coração. Com os meus filhos e o meu marido, partilhei risos, conversas e gestos que, embora quotidianos, são sempre singulares. Há algo de quase sagrado na rotina quando é vivida em família, como se cada gesto contivesse a eternidade. O barulho da casa – risadas infantis, palavras entrecortadas pelo entusiasmo, até os sons triviais do pequeno-almoço – tudo parecia compor uma sinfonia de vida. É nesses momentos que me dou conta de que a verdadeira riqueza não se mede em posses, mas nos laços que nos unem, na cumplicidade que não precisa de palavras para se fazer entender. Mas o dia não foi só de partilha em família. Foi também um dia de encontro com o divino. R...

Momentos.

 Há momentos em que o coração vê-se apanhado entre o passado e o presente, entre a memória de quem fomos e a realidade de quem tornámos-nos. Ao ler este poema, senti que era a minha voz, o meu pensamento, os meus próprios sentimentos inscritos em cada linha. É como se, na simplicidade das palavras, Robert Hershon tivesse descido às profundezas da minha alma e encontrado ali aquilo que nunca soube dizer em voz alta. Recordo-me tão bem do tempo em que segurar a mão da minha filha era um gesto natural, automático, uma extensão do meu amor e do meu cuidado. Era eu quem a guiava pelo mundo, quem a protegia das quedas, dos carros que passavam, das incertezas do caminho. A mão dela, tão pequena, encaixava-se na minha como se tivesse sido desenhada para isso, e naquele simples toque parecia haver a promessa de que ela estaria sempre ali, pequena, dependente, minha. Mas o tempo, ah, o tempo é um artista cruel. Transformou aquela menina numa mulher, alargou-lhe os horizontes, engrossou-lhe a...

Lutar

 Eu nasci para lutar. Não por teimosia, mas por uma convicção profunda que define-me, que pulsa em cada batida do meu coração e lembra-me, a cada manhã, que a vida é um desafio a enfrentar com coragem e determinação. Nunca esperei que fosse fácil. O que move-me não é a ilusão de uma jornada simples, mas a certeza de que o esforço, o suor e até as lágrimas constroem os sonhos que escolho perseguir. Recuso permitir que alguém limite-me, que dite-me os contornos das minhas possibilidades. O mundo tenta, por vezes, convencer-nos de que certos voos são altos demais, que certas metas pertencem apenas aos audazes ou privilegiados. Contudo, aprendi que ninguém conhece os meus limites melhor do que eu. Não entrego a ninguém o poder de definir aquilo que sou capaz de alcançar. A vida, com todas as suas intempéries, não assusta-me. Enfrento o sol abrasador e a chuva impiedosa com o mesmo fervor, porque sei que cada queda é uma oportunidade de erguer-me com mais força. O chão não é-me estranho...

As decisões.

 Existem decisões que rasgam o coração como um punhal afiado, decisões que deixam-nos a sangrar por dentro enquanto o mundo à nossa volta permanece indiferente. Eu sei disso. Sei porque já encontrei-me nesse abismo onde a escolha certa é, paradoxalmente, a mais dolorosa. Lembro-me do dia em que vi-me diante desse precipício. A minha alma gritava pela paz que sabia que só viria com a renúncia, mas o meu coração? Ah, o meu coração resistia, rebelde, agarrado a cada pequena memória, a cada promessa feita num momento em que acreditávamos ser invencíveis. Era como segurar um espelho quebrado, com cacos a cortar-me os dedos, recusando-me a largar por medo de perder o reflexo de algo que já não existia. Decidi. Tomei a decisão que rasgou-me por dentro, que arrancou-me o chão debaixo dos pés e deixou-me a navegar num mar de incerteza. Mas, à medida que os dias passaram, percebi que, ao quebrar os grilhões do que prendia-me, eu estava a libertar a minha alma. Era como se a dor inicial tives...

Kintsugi

 Eu sou como uma peça de cerâmica que já se partiu inúmeras vezes. As marcas que carrego não são apenas cicatrizes, mas narrativas, capítulos de uma história feita de quedas e recomeços. Durante muito tempo, vivi com a mentalidade de esconder essas fissuras, como se apagá-las pudesse apagar a dor ou o fracasso que as causaram. Quanta ingenuidade a minha, não? Era como negar que a vida havia-me tocado, transformado e moldado. Era como tentar ser inteira novamente sem reconhecer a riqueza da experiência que trouxe-me até aqui. Mas, então, descobri algo profundamente transformador: o conceito japonês de Kintsugi, a arte de reparar o que está quebrado com ouro, de dar valor ao que foi reconstruído, não apesar das suas falhas, mas precisamente por causa delas. Essa filosofia ressoou em mim como um grito de liberdade. Afinal, por que esconder o que faz-me única? Por que negar as veias douradas que formaram-se nos momentos em que decidi, contra todas as probabilidades, pegar os pedaços de...

Vivo

 Vivo... Sim! Vivo! Vivo intensamente, com a mesma força com que escrevo, com a mesma paixão com que respiro. Vivo porque não sei ser de outra forma. Cada segundo é um compasso precioso, uma nota vibrante numa melodia que só eu posso ouvir, mas que insisto em dançar até à exaustão. O facto de escolher o que partilho – ou o que guardo em silêncio – não me torna menos viva. Pelo contrário. É nesse ato de escolher que afirmo a plenitude do que sou. A intensidade da minha vida não se mede em publicações, nem em palavras que outros possam ler. Mede-se nos momentos em que o coração dispara, no riso genuíno que faz-me perder o fôlego, nas lágrimas que lavam-me a alma e  devolvem-me mais leve ao mundo. Vivo nos abraços demorados, nos olhares que dizem tudo sem dizer nada, nas vitórias que celebro e nas derrotas que enfrento. O que guardo para mim não é menos real. Não é menos vivido. Cada momento que não partilho é uma relíquia preciosa, uma prova de que há partes de mim que pertencem...

Dou por mim...

 Dou por mim a ser tomada por um ímpeto quase irreprimível de escrever. Escrever sobre tudo o que atravessa-me, como se a ponta dos dedos fosse a última ponte para libertar o que o coração não consegue conter. Falo dos defeitos que vejo nos outros, e sobretudo em mim mesma; dos desafios que todos enfrentamos – uns com coragem quase heroica, outros com a hesitação que só o medo pode justificar. Mas, quando chega o momento de os partilhar, algo prende-me. Não é vergonha, nem mesmo insegurança. É como se a exposição fosse uma ferida que escolho não abrir. Dou por mim a narrar os dias que vivi, as vitórias que celebrei, os momentos que desenhei com os meus filhos, o meu marido, os meus amigos. A alegria de um sorriso partilhado, o peso das lágrimas que também aconteceram. Mas não os partilho. Guardo-os como se fossem relíquias, preciosidades que só eu posso entender, porque só eu as senti na sua totalidade. As palavras ficam, mas a voz que as amplifica cala-se. Dou por mim a mergulhar ...

Todos os dias.

 Todos os dias levanto-me com o propósito firme de trilhar o caminho que acredito ser aquele que Deus traçou para mim. É uma estrada árdua, repleta de desafios, mas também de oportunidades para crescer e lapidar a minha alma. Tento, com toda a força do meu ser, seguir os ensinamentos de Jesus Cristo, que ensinou-nos o amor incondicional, a compaixão desmedida e a capacidade infinita de perdoar. Tento, incansavelmente, ser melhor do que fui ontem: uma mãe mais paciente, uma esposa mais atenta, uma amiga mais solidária. Tento perdoar sem hesitações, sem que o rancor insinue-se nas sombras do meu coração. Tento compreender aqueles que aproximam-se de mim, mesmo que o seu universo interior me seja insondável. Tento não julgar, mesmo quando a tentação de o fazer apresenta-se insidiosa. Tento, acima de tudo, amar com a pureza e a profundidade com que Jesus amava-nos. E, no entanto, todos os dias falho. É uma falha que confronta-me, que dói-me, mas que, paradoxalmente, também ensina-me. P...

Oração - reza, perspectiva de uma católica.

 A oração, na perspectiva de um católico, é um ato profundamente espiritual e relacional, uma conversa direta e íntima com Deus, com Cristo, com a Virgem Maria ou com os santos. Para mim, orar não é apenas um hábito religioso, mas um caminho essencial para cultivar a fé, experimentar a presença divina e alinhar a minha vida com os desígnios de Deus. Trata-se de um diálogo que revela as verdades da alma, que transforma o coração e que, ao mesmo tempo, oferece força, consolo e orientação em todas as circunstâncias da vida. Oração: Um Encontro Pessoal com Deus Para nós, católicos, a oração é mais do que palavras ditas ou fórmulas decoradas. É um encontro pessoal com Deus, que nos chama à intimidade com Ele. É no silêncio da oração que posso reconhecer a grandiosidade de Deus e a minha pequenez, e, ainda assim, sentir-me profundamente amada. Orar é abrir o coração, é escutar a voz de Deus que fala no íntimo da consciência, é oferecer-Lhe as alegrias, as dores, os medos e os desejos mai...

7° saber

O sétimo saber, “A ética do gênero humano”, trata da necessidade de cultivar uma ética que considere a humanidade como um todo. Edgar Morin argumenta que a educação deve promover valores éticos baseados na responsabilidade, na solidariedade e na compreensão de que todos os seres humanos compartilham um destino comum. Essa ética transcende diferenças individuais, culturais e nacionais, e está fundamentada na interdependência entre os indivíduos, as sociedades e o planeta. Detalhes A necessidade de uma ética planetária Em um mundo interconectado, os problemas globais – como mudanças climáticas, desigualdades sociais, guerras e crises econômicas – afetam a todos. Morin propõe uma ética que leve em conta o bem-estar coletivo, respeitando tanto as diversidades quanto a unidade da espécie humana. A interdependência do gênero humano A humanidade compartilha uma origem comum e enfrenta desafios que exigem cooperação global. A ética do gênero humano reconhece que os atos de um indivíduo ou grup...

6° saber

 O sexto saber, “Ensinar a compreensão”, aborda a necessidade de promover uma compreensão genuína entre indivíduos, grupos e culturas. Edgar Morin destaca que a falta de compreensão é uma das principais causas de conflitos, discriminação e exclusão no mundo. Portanto, a educação deve ajudar os indivíduos a superar barreiras como preconceitos, estereótipos e diferenças culturais, promovendo a empatia, o diálogo e a solidariedade. Detalhes: A compreensão como necessidade fundamental A compreensão é essencial para a convivência humana em todos os níveis: entre pessoas, comunidades, nações e culturas. A ausência de compreensão leva à intolerância, ao ódio e à violência, enquanto a sua presença fomenta a paz, a cooperação e o respeito. As dificuldades de compreender o outro Compreender o outro não é algo automático. Fatores como diferenças culturais, experiências pessoais, preconceitos e emoções dificultam essa tarefa. Muitas vezes, as pessoas julgam rapidamente o outro com base em este...

5° saber

 O quinto saber, “Enfrentar as incertezas”, destaca a necessidade de preparar os indivíduos para lidar com a incerteza, que é uma característica fundamental da vida e do conhecimento. Edgar Morin argumenta que, ao longo da história, a humanidade sempre esteve cercada de imprevisibilidade, seja nos aspectos naturais, sociais ou pessoais. A educação, segundo ele, deve ajudar as pessoas a reconhecer, aceitar e enfrentar a incerteza com criatividade, flexibilidade e resiliência. Detalhes A incerteza como característica do conhecimento O conhecimento humano nunca é completo ou definitivo. Mesmo na ciência, novas descobertas frequentemente desafiam ou substituem ideias anteriores. Morin ressalta que a educação tradicional muitas vezes apresenta o conhecimento como algo fixo e estável, mas isso não reflete a realidade dinâmica e mutável do mundo. Incerteza na ciência e na história A ciência é uma busca contínua, e o progresso científico depende da capacidade de lidar com o desconhecido e ...

4° saber

 O quarto saber, “A identidade terrena”, foca na necessidade de reconhecer a interdependência entre todos os seres humanos e o planeta Terra. Edgar Morin propõe que a educação ajude as pessoas a entenderem que somos parte de um único sistema planetário, no qual todas as vidas estão conectadas e interligadas. Esse saber destaca a importância de desenvolver uma consciência planetária, indispensável para lidar com desafios globais como a crise climática, desigualdades e conflitos. Detalhes O planeta como casa comum A Terra é o lar de todos os seres humanos e de todas as formas de vida. Reconhecer isso é fundamental para entender nossa responsabilidade coletiva pela preservação do meio ambiente e pela convivência pacífica. Não somos indivíduos isolados, nem nações desconectadas – somos parte de um sistema único e interdependente. A interconexão da vida A biodiversidade e os ecossistemas do planeta são interdependentes, assim como os seres humanos dependem uns dos outros e do ambiente. ...

3° saber

 O terceiro saber, “Ensinar a condição humana”, aborda a importância de compreender a totalidade da experiência humana. Edgar Morin defende que a educação deve ensinar os indivíduos a reconhecer sua própria humanidade em suas múltiplas dimensões – biológica, cultural, social, histórica e espiritual – e a interconexão entre todas as pessoas. Esse saber busca promover uma compreensão global do que significa ser humano, para que possamos viver e coexistir de forma mais consciente e harmoniosa. Detalhes A unidade e a diversidade da condição humana Todos os seres humanos compartilham uma base comum: somos biologicamente semelhantes, pertencemos à mesma espécie, temos emoções, necessidades e capacidades em comum. Porém, essa unidade coexiste com uma extraordinária diversidade cultural, social, linguística, histórica e individual. Ensinar a condição humana significa compreender e valorizar tanto o que nos une quanto o que nos diferencia. A dimensão biológica Os seres humanos são organismo...

2° saber

 O segundo saber, “Os princípios de um conhecimento pertinente”, foca na importância de construir um conhecimento que seja relevante e capaz de lidar com a complexidade do mundo. Edgar Morin critica a fragmentação excessiva do saber, que compartimentaliza as disciplinas e dificulta a compreensão global e interconectada da realidade. Ele defende um conhecimento integrador, que possa abarcar diferentes perspectivas e lidar com a multidimensionalidade dos fenômenos. Detalhamento: Fragmentação do conhecimento O ensino tradicional muitas vezes separa o conhecimento em disciplinas isoladas (matemática, biologia, história, etc.), ignorando as inter-relações entre elas. Isso resulta em uma visão reducionista, que não permite compreender fenômenos complexos como mudanças climáticas, desigualdades sociais ou inovações tecnológicas. Exemplos: Uma crise econômica pode ter causas políticas, sociais, psicológicas e ambientais – todas interligadas. A necessidade de contextualização Morin propõe q...

1° saber

 O primeiro saber, "As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão", trata da necessidade de reconhecer que o conhecimento humano é imperfeito, limitado e frequentemente vulnerável a erros e ilusões. Edgar Morin argumenta que, ao longo da história, tanto no cotidiano quanto na ciência, as pessoas cometem erros de julgamento, interpretação e entendimento, influenciados por fatores psicológicos, culturais e sociais. Detalhes: O erro como parte do conhecimento Todo processo de aprendizado está sujeito ao erro. Desde a infância até a ciência mais avançada, o erro é inevitável e muitas vezes necessário para o progresso. No entanto, o problema surge quando os erros não são identificados ou corrigidos, transformando-se em "verdades" que perpetuam ilusões ou interpretações distorcidas. As ilusões cognitivas Nossa mente é suscetível a ilusões cognitivas, que podem ser influenciadas por preconceitos, emoções, desejos, e até pela cultura. Exemplos: vieses de confirmação (quan...

7 saberes

 Os "Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro" são conceitos apresentados pelo filósofo e sociólogo Edgar Morin em sua obra de 1999. Ele propõe uma abordagem educacional para lidar com os desafios complexos do mundo contemporâneo, buscando formar cidadãos mais conscientes, éticos e preparados para enfrentar a incerteza e a interconexão da realidade. Aqui estão os sete saberes: As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão Reconhece que o conhecimento humano é limitado e suscetível a erros e ilusões. A educação deve ensinar as pessoas a questionar suas crenças, preconceitos e dogmas, promovendo uma atitude crítica e reflexiva. Os princípios de um conhecimento pertinente Enfatiza a importância de integrar diferentes disciplinas para compreender a complexidade do mundo. O conhecimento deve ser contextualizado e interligado, em vez de fragmentado. Ensinar a condição humana Defende o entendimento de que todos os seres humanos compartilham uma mesma condição. A educação deve...

Intenções.

 Quando me afasto, não o faço com a intenção de ensinar lições ou de provocar dores. Pelo contrário, o meu afastamento é um reflexo silencioso das lições que a vida já me ensinou. Afasto-me porque aprendi a valorizar a serenidade da minha alma, o equilíbrio das minhas emoções e a dignidade do meu próprio espaço. Nem sempre é porque deixei de gostar das pessoas, porque, verdade seja dita, o afeto pode persistir mesmo em meio ao desencanto. Afasto-me porque percebi, com clareza, que aquilo que se espera das relações humanas — a reciprocidade, o respeito mútuo, a consideração — nem sempre floresce como deveria. Aprendi, com o passar do tempo, que posso desculpar e até perdoar erros. Somos humanos, e os erros fazem parte dessa imperfeição inerente a todos nós. No entanto, há um limite tênue e delicado entre os erros que a vulnerabilidade humana explica e a falta de consideração, respeito ou empatia que simplesmente não posso ignorar. Esses não são equívocos momentâneos; são padrões, es...

Ferida, Mas Brilhando.

 Eu sou uma mulher marcada pelas feridas do passado, pelos caminhos que trilhei e pelos abismos que me engoliram quando ninguém parecia ouvir meu clamor. Carrego em meu peito cicatrizes profundas, histórias que poucos ousam encarar, talvez porque a dor de quem olha para dentro é mais intensa do que o julgamento superficial de quem observa de fora. Em momentos de solidão, ergui muros altos, distantes, afastando tudo e todos que tentaram se aproximar, como se meu coração, já ferido e sangrando, não pudesse suportar mais nenhum toque, mesmo que fosse de cura. Mas no auge da minha escuridão, quando meu céu estava mais sombrio, surgiu uma luz que não procurei, mas que me encontrou. Essa luz não era uma estrela cadente ou um fenômeno passageiro; era o brilho eterno e transformador de Jesus Cristo. Ele não apenas viu as minhas feridas, Ele as conheceu. Ele não apenas tocou o meu coração ensanguentado, Ele o segurou com mãos firmes, mas ternas, como quem sabe que a fragilidade de um espíri...

Como Nossa Senhora Virgem Maria morreu...

 A história da morte e Assunção da Virgem Maria é um dos relatos mais profundos e inspiradores da tradição cristã, repleta de beleza espiritual e simbolismo teológico. Segundo a tradição, amplamente divulgada por São João Damasceno, a Mãe de Deus não experimentou a morte como consequência do pecado original, uma vez que, preservada deste pelo privilégio da Imaculada Conceição, estava livre dos efeitos da queda, como o envelhecimento e a enfermidade. A Morte de Maria: Um Ato de Amor Supremo Diz-se que Maria não morreu por doenças ou pela debilidade da idade avançada. Ela morreu, ao contrário, de amor – um amor tão intenso por Deus e por Seu Filho Jesus Cristo, que consumiu sua vida terrena. Esse amor insuperável não era uma fraqueza, mas uma expressão da perfeição de sua alma, completamente alinhada com a vontade divina. Sua morte não foi, portanto, um castigo, mas um "adormecer" em Deus, repleto de paz e santidade. Quatorze anos após a crucificação e ressurreição de Cristo, M...

Suprema felicidade.

 A suprema felicidade da vida reside na convicção de ser amada por aquilo que sou, ou melhor, apesar de tudo aquilo que sou — os meus defeitos, as minhas contradições, os meus abismos internos. Esta frase, tão profundamente ressonante, provoca em mim uma reflexão quase visceral sobre a natureza do amor e sobre a vulnerabilidade inerente à condição humana. É uma verdade inegável: amar e ser amada na plenitude do que somos exige uma coragem desmedida. Não se trata apenas de revelar as nossas virtudes — aquelas que cultivamos como joias preciosas para serem exibidas ao mundo — mas de permitir que o outro veja as nossas fragilidades, os cantos escuros que tentamos esconder até de nós mesmas. Quando sou amada apesar do que sou, sinto-me, paradoxalmente, aceita na totalidade do meu ser. Não é uma aceitação que ignora as minhas falhas; é, antes, uma aceitação que as reconhece e, mesmo assim, escolhe ficar.  Este tipo de amor não é apenas raro; é revolucionário. Numa sociedade que val...

Errei... Falhei

 Eu errei. Falhei de forma gritante. Acusei outros, projetei minha frustração em terceiros só para não encarar o óbvio – uma verdade que esteve diante de mim o tempo todo, mas que recusei enxergar. Quis acreditar que a pessoa responsável não poderia, de fato, ter sido aquela em quem eu confiava. Preferi pensar que tudo não passava de uma coincidência perversa, uma trama infeliz do acaso, para que o desapontamento não fosse tão brutal, para que eu não me sentisse tão ingénua, tão cega, tão... otária. É desconfortável, quase insuportável, aceitar que nos enganamos tão profundamente em alguém. O choque de perceber que tudo o que pensávamos ser genuíno, sincero e honesto não passava de uma fachada. Errei ao ponto de preferir apontar o dedo para outros, inocentes, porque era menos doloroso do que admitir que a culpada era exatamente quem eu não queria que fosse. Achei que fosse fácil demais, óbvio demais, pensar que ela seria capaz de um ato tão mesquinho e dissimulado. Acreditei que, a...

Não fui eu...

 Ah, então é esta a estratégia de ofensa contemporânea, uma tapeçaria de e-mails infamantes, uma teia de difamações seletivas – e, claro, tudo meticulosamente entrelaçado com a isenção mais descarada que alguém poderia inventar. Sim, na arte da ofensa moderna, a máscara é a alma do negócio. Começamos com um ataque venenoso, onde cada vírgula é um açoite e cada ponto final, uma sentença de morte moral; um “chutinho” aqui e ali para o ego alheio. Mas, após despejar todas as alegorias e metáforas cortantes, invenções e difamações, quando a resposta chega (é claro que ela chega!), a saída é desconcertantemente simples: um email falsificado, um acesso clandestino ao meu correio, um fantasma da internet conspirando contra mim. Fascinante! Afinal, porque haveríamos de nos responsabilizar pelas próprias palavras, não é? Vamos adotar uma nova narrativa, onde o ofensor é, veja só, a vítima. Sim, é exatamente isso! Eu mesma fui hackeada! Logo eu, que até tento pensar antes de abrir certas gav...

Reflexão

Nos últimos meses, quase um ano, senti a dureza de uma realidade que foi além de qualquer expectativa. Entrei com esperança, com confiança de que havia ali um ambiente seguro, colaborativo, onde o respeito fosse mútuo. Mas a ingenuidade rapidamente foi esmagada. Em pouco tempo, fui empurrada para uma posição de antagonista, quase uma estranha num campo hostil. Aqueles que deveriam ser aliados no percurso educativo do meu filho, tornaram-se uma presença que me consumia, desgastando-me a cada passo. Fui tratada como se não tivesse voz, como se a minha preocupação fosse um incómodo, como se o meu papel ali fosse irrelevante. Em vez de respostas, recebi olhares de desconfiança, palavras frias, desfeitas feitas para cortar. E o que começou como um simples desacordo foi-se tornando num mar de ataques, uma escalada de desprezo e humilhação que me desarmou. Fui desrespeitada, como se tivesse ousado cruzar uma linha que jamais deveria ter pisado. Cada tentativa de diálogo era respondida com uma...

Reflexão... Hoje

 Hoje acordei com uma inquietação difícil de descrever. Acordei com o peso invisível do mundo inteiro sobre os meus ombros e uma vontade estranha de me encolher, de me esconder debaixo de tudo, de todas as responsabilidades, das exigências e dos olhares que esperam tanto de mim, das pessoas que insistem em infernizar, minimizar e denegrir quem sou. Hoje, mais do que nunca, senti que queria apenas um abraço - mas não um abraço qualquer, não aqueles gestos banais e distantes, tão formais que quase perdem o significado. Não. O que eu queria era um abraço daqueles que nos envolvem completamente, que nos sufocam num aperto profundo, onde o tempo parece parar e onde, por uns instantes, é possível esquecer que existe todo um mundo para lá desse contacto, todo um universo que, mesmo sem querer, nos cobra constantemente ser mais, fazer mais, resistir mais, principalmente resistir mais. Hoje, queria alguém ao meu lado que compreendesse sem que eu precisasse explicar. Alguém que me olhasse no...

Existir... Ser

 Vivo neste mundo onde cada segundo parece ser arrancado do tempo com uma força inevitável, como se a própria vida fosse um empréstimo que já começamos a pagar desde o primeiro respirar. E ao mesmo tempo que este tempo nos escapa, uma urgência cega e fria nos empurra para fazermos mais, dizermos mais, termos mais. Mas eu pergunto: para quê? Se, no final, o tempo é finito, e nós – pequenas poeiras na imensidão – acabamos esmagados sob o peso dos dias e das escolhas, das palavras que disparamos sem refletir, e dos julgamentos que proferimos sem fundamento. Eu escolho, sim, o caminho do ser sobre o do ter. Ter é fácil, até um pouco banal, porque se limita ao que pode ser contado, trocado, conquistado, mas também perdido. Aquilo que sou, no entanto, vive num espaço íntimo e indizível, que só eu posso compreender, moldado pelas minhas experiências, pelas minhas dores, pelas batalhas travadas em silêncio, pelas noites insones em que me perco em dúvidas, e pelas manhãs em que, contra tudo...