Transparência

 Todos nós temos problemas e receios no nosso coração. Muitas vezes, escondemos esses sentimentos para não revelar as nossas fragilidades. Lutamos contra as nossas emoções e, por vezes, mesmo acompanhados, sentimos que estamos sozinhos. Hoje, enquanto conversava com o meu filho, ele fez-me uma pergunta que me apanhou de surpresa.


"Por que estás a sorrir?" perguntou ele. Respondi com sinceridade: "Porque estou muito feliz."


Ele, na sua pureza infantil, não se contentou com a resposta e questionou: "Então, por que, quando estás triste, não deixas sair?"


Respirei fundo e tentei explicar algo que até para mim é difícil de entender. "Eu choro, e muito, mas tento não o fazer perto de ti," disse. A verdade é que, como mãe, sinto a necessidade de proteger o meu filho dos meus momentos de fraqueza. Não quero que ele se preocupe ou sinta o peso das minhas dores.

Para minha surpresa, ele olhou para mim com uma maturidade além da sua idade e disse algo que tocou profundamente o meu coração: "Eu estarei sempre ao teu lado, mesmo quando não estou. E segurarei a tua mão, mesmo que não esteja a segurá-la de verdade. Vou tentar fazer por ti o que tu fazes por mim, porque estás sempre presente quando eu preciso." E eu chorei de alegria e emoção.

Estas palavras do meu filho fizeram-me refletir sobre a importância de mostrar as nossas vulnerabilidades. Talvez esconder as nossas tristezas não seja sempre a melhor maneira de proteger aqueles que amamos. Por vezes, permitir que eles vejam a nossa dor pode ensiná-los sobre empatia, solidariedade e o verdadeiro significado de estar ao lado de alguém nos momentos difíceis.

A partir de hoje, tentarei ser mais transparente com os meus sentimentos. Talvez chorar na frente dele não seja uma fraqueza, mas uma forma de mostrar que ser forte não significa estar sempre a sorrir. É uma jornada de aprendizagem e crescimento mútuo, onde ambos podemos segurar a mão um do outro, de maneira real ou simbólica, e enfrentar as adversidades juntos.



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