Aventura com Triny
Passear a Triny às vezes é uma verdadeira aventura, digna de um filme de comédia romântica com um toque de escândalo. Decidi aproveitar uma tarde aparentemente tranquila para dar uma volta com a Triny e, como sou uma pessoa de hábitos multifacetados, levei comigo o Tratado para ler. Afinal, tenho a reunião da consagração a Nossa Senhora mais tarde e preciso estar espiritualmente afiada. Sentada num banco do parque, livro numa mão, terço na outra, estava no auge da devoção multitarefa.
Enquanto eu estava imersa no meu momento contemplativo, três senhoras de idade avançada começaram um diálogo que me arrancou um sorriso daqueles que são metade riso e metade "não acredito no que estou a ouvir". À minha frente, um grupo de jovens musculados treinava seus corpos esculturais. Ah, que deleite para os olhos! Olhei mais de perto e, com um suspiro nostálgico, notei que um dos rapazes era uma cópia quase exata do meu marido, só que de uns 28 anos atrás. Cabelos compridos e encaracolados loiros, pele alva, braços musculosos, peitorais e abdominais que mais pareciam esculpidos por Michelangelo, um traseiro empinado com coxas grossas e gémeos bem trabalhados. A maior diferença era uma tatuagem intrigante que começava de lado e desaparecia misteriosamente pelo baixo ventre. Claro, por razões puramente investigativas, não me aventurei a descobrir onde terminava.
De repente, uma das senhoras, com um olhar maroto, comentou: "Se eu fosse nova, ele não me escapava!" E outra, mais afoita, replicou: "Se fosse hoje, ele não me escapava!" Ri-me alto, porque não há nada mais revigorante do que a honestidade descarada de quem já viveu o suficiente para dizer o que pensa.
Nesse momento, uma das senhoras reparou em mim e, num tom de falsa austeridade, disse que eu devia era rezar. Sorrindo, respondi: "Percebi que só preciso pôr as pernas para o lado." Foi então que a conversa atingiu um novo nível de interesse. As senhoras riram e eu pensei: "Um dia conto essa história em detalhes, mas por agora, vou precisar rasgar mais umas calças nos joelhos e rezar até que todos os meus pecados sejam perdoados."
E assim, passear a Triny transformou-se numa aula prática de sensualidade e espiritualidade: nunca subestime a sabedoria das senhoras de idade, os prazeres da nostalgia e a flexibilidade que a fé pode te proporcionar. Afinal, quem disse que o caminho para a santidade não pode passar por umas boas gargalhadas no parque?