A Gloriosa Rotina da Mediocridade
Ah, a vida cotidiana, essa sequência interminável de banalidades e obviedades que todos vivem. É fascinante, realmente, como tudo pode ser tão incrivelmente monótono. Acordar, trabalhar, comer, dormir, repetir. Que espetáculo glorioso! Às vezes, ela se pergunta se todos nasceram com um manual secreto que os instrui a seguir essa coreografia insossa, ou se simplesmente aceitam sua mediocridade com resignação.
Levantar da cama, por exemplo. Que grande conquista diária! Cada manhã, ela arrasta seu corpo sonolento do colchão, como se estivesse a participar de uma maratona olímpica. O alarme do despertador? Ah, aquele som infernal, um verdadeiro convite à insanidade matinal. Acordar às 6 da manhã para ser produtiva, porque é isso que todos dizem que se deve fazer. Produtividade! A nova divindade do século XXI.
E depois vem o café da manhã, o momento mais emocionante do dia. Que prazer indescritível é escolher entre cereal ou torrada, café ou chá. Claro, todos sabem que essa é a refeição mais importante do dia. Pelo menos é o que lhe disseram desde que era criança. Como se uma fatia de pão com manteiga fosse a chave para o sucesso na vida.
Então, há o trajeto para o trabalho. Ah, as maravilhas do transporte público. Espremida entre estranhos suados, todos a fingir que não se importam em estar a poucos centímetros de distância uns dos outros. É uma experiência verdadeiramente unificadora. Nada como o cheiro de humanidade mal acordada e o toque acidental de cotovelos para começar bem o dia.
E o trabalho em si? Que privilégio é passar horas incontáveis em frente a um computador, produzir relatórios que ninguém lê e responder e-mails que poderiam muito bem ser ignorados. A sensação de realização é tão palpável que ela quase consegue sentir o vazio existencial a abraçar.
Chegar em casa, depois de um dia tão enriquecedor, é a cereja no topo do bolo. A perspectiva de relaxar no sofá, assistir à mesma série repetitiva na TV, é simplesmente irresistível. O jantar, uma repetição do mesmo cardápio sem graça, porque quem tem energia para ser criativa na cozinha depois de um dia tão cheio de emoções?
E finalmente, a cama novamente. O círculo se fecha. Cada dia uma obra-prima de repetição insossa, uma verdadeira ode à mediocridade da vida moderna. Se isso não é a definição de sucesso, honestamente, ela não sabe o que é. E assim, ela segue em frente, a triunfar na arte de sobreviver às pequenas tragédias do cotidiano com uma graça e elegância que só a completa indiferença pode proporcionar.
Que grande vida esta, não é mesmo?