Marginal
Esta noite, decidi dar um passeio pela marginal do rio Tejo com a minha prima. A brisa fresca do rio, misturada com o aroma ligeiramente salgado, trouxe uma sensação de paz que há muito eu não sentia. As luzes refletidas na água criavam um espetáculo cintilante, quase como se as estrelas tivessem caído do céu e estivessem a flutuar suavemente na superfície do Tejo.
Enquanto caminhávamos, as nossas conversas oscilavam entre o banal e o profundo, um misto de risos espontâneos e confidências sussurradas que não ousarei compartilhar aqui. Havia uma cumplicidade tácita entre nós, uma espécie de telepatia emocional que só se encontra entre aqueles que partilham uma vida de memórias e experiências comuns.
Eu, sempre perspicaz e dotada de uma sagacidade ímpar, trazia à tona questões triviais com uma profundidade que raramente alcanço sozinha. Falávamos sobre a vida, o amor, os sonhos e os receios, tudo envolto naquela atmosfera mágica que só a noite à beira do Tejo pode proporcionar.
Os nossos passos ritmados na calçada, o som distante da vila e a música suave que escapava dos cafés criavam uma sinfonia perfeita, acompanhando os nossos pensamentos e palavras. Era como se o mundo lá fora parasse e apenas nós duas existíssemos naquele momento, naquela conversa, naquele cenário idílico.
Este passeio pela marginal do Tejo, mais do que uma simples caminhada noturna, foi um mergulho em nós mesmas. Cada palavra trocada, cada segredo guardado, reforçou a nossa ligação e deixou-me com a sensação de que, não importa o que o futuro nos reserve, sempre teremos uma à outra e estes momentos para nos lembrar de quem somos e de onde viemos.
Enquanto a noite avançava e as luzes da vila se misturavam com as estrelas, senti uma gratidão profunda por aquela experiência, por aquele passeio. A marginal, com toda a sua beleza serena, tornou-se um cenário perfeito para uma noite inesquecível, onde as banalidades e os segredos se entrelaçaram, criando um tecido rico e colorido de memórias partilhadas.