Cantiga de Mal Dizer
Na caixa fria do meu e-mail
Surge a figura virtual,
Com erros que nunca falham
E uma ortografia infernal.
Chamam-me nomes, me lançam ao chão,
"Parasita", "puta", "mentirosa",
Mas mal sabem, pobres tolos,
Que rio desta prosa ruidosa.
Cada insulto mal articulado
É uma pérola do absurdo,
E no meu riso contido,
Seus esforços, eu deturpo.
Dizem que sou má mãe,
Que o filho hei de perder,
Mas na verdade, meus caros,
Só me fazem mais crescer.
A cada nova mensagem
A comédia se renova,
No circo da frustração,
Sou a plateia que aprova.
Vós, ó anônimos distantes,
Com vosso ódio sem razão,
Fazeis da minha indiferença
Uma vitória em vão.
Continuai, pois, vossa saga,
De insultos e desespero,
Pois quem ri por último, meus caros,
É sempre o verdadeiro.
E assim se passa o tempo
Com vossa trama incessante,
Um espetáculo patético
De ódio desafiante.
Cada dia uma nova peça,
De teatro sem talento,
E a vossa ira é combustível
Para meu divertimento.
Achais que me feris
Com palavras destemperadas,
Mas sou eu quem vos observa,
Com gargalhadas abafadas.
Que triste deve ser
Vossa vida de anônimo cruel,
Que se alimenta do rancor
Como um faminto num bordel.
A vossa ignorância é clara,
E vossa raiva é em vão,
Pois na arena das palavras,
Sou eu quem tem razão.
Então, continuai, meus caros,
Com vossas cartas de fel,
Pois a cada mensagem torta,
Ergo meu brinde ao vosso papel.
Sois bufões do meu palco,
De uma farsa sem igual,
E eu, a dama que vos assiste,
Rindo deste triste carnaval.
Com vossa trama incessante,
Um espetáculo patético
De ódio desafiante.
Ando eu em peregrinação,
Por Fátima a fazer a via sacra,
Enquanto recebo vossas pragas
Que em nada minha fé abala.
Entre orações e silêncio,
Na senda da devoção,
Leio vossos ataques
Como hinos de perdição.
Mas eis que minha alma
Permanece intocada,
Pois minha fé é forte
E vossa raiva é nublada.
Cada mensagem vossa
É um eco distante,
Perdido nas montanhas,
Sem poder contundente.
Seguirei meu caminho
Com passos firmes e seguros,
Enquanto vós, pobres almas,
Nadareis em vossos turvos.
Que Fátima me abençoe
E vos traga compaixão,
Para que um dia cesse
Esta vossa frustração.