Amor em Vez de Julgamento.
Eu sou amada. Não porque o mereça ou porque tenha conquistado esse amor, mas porque Ele, em Sua infinita graça, escolheu amar-me antes mesmo que eu pudesse compreender o significado desse amor. No silêncio do meu ser, entre as inquietações da alma e as incertezas do mundo, há uma certeza que me sustenta: o único que realmente poderia julgar-me escolheu estender-me a mão, em vez de apontar-me o dedo. E essa verdade transcende qualquer lógica humana.
Vivemos num mundo que cobra, que exige, que pesa sobre os ombros dos homens um fardo impossível de carregar. Esperam de nós perfeição, coerência absoluta, força inabalável. O mundo quer moldar-nos segundo os seus padrões efémeros, como se o nosso valor estivesse dependente da aceitação alheia, como se precisássemos de provar constantemente que somos dignos de amor, respeito e pertencimento. Mas e se eu disser que não preciso provar nada a ninguém? Que a minha essência não se define pelos parâmetros deste mundo, mas sim pelo olhar Daquele que me formou antes mesmo de eu existir?
Ele conhece-me. Conhece-me para lá das aparências, para lá dos acertos e desacertos, para lá das máscaras que, por vezes, sou tentada a usar para me proteger dos juízos alheios. Ele vê-me na minha totalidade, nos meus dias de luz e nas minhas noites de sombra, e ainda assim, ama-me. Ama-me sem reservas, sem condições, sem a frieza das trocas e das medidas. Ama-me quando sou forte, mas também quando vacilo. Ama-me quando me sinto segura, mas também quando o medo me assombra. Ama-me na minha caminhada incerta, quando me perco e quando me reencontro.
E este amor não é passivo, não é apenas um conceito abstracto ou uma ideia confortante para os dias difíceis. É um amor que age, que transforma, que invade os recantos mais escondidos da minha alma e faz florescer vida onde antes havia desespero. Quando o mundo me condena, Ele cobre-me de graça. Quando os meus erros parecem definir-me, Ele sussurra-me que sou mais do que as minhas falhas. Quando tudo à minha volta parece ruir, Ele sustenta-me nos braços invisíveis da Sua misericórdia.
Se há algo que aprendi ao longo da minha jornada, é que este amor não se baseia na perfeição. Deus não me ama porque sou irrepreensível, nem espera de mim um desempenho impecável para me aceitar. Ele deseja apenas entrega, uma entrega sincera, uma abertura do coração que reconhece que, por mais que eu tente, jamais encontrarei plenitude fora d’Ele. Não é um amor que pesa, que exige um custo impossível de pagar, que impõe fardos sobre os ombros já cansados. Pelo contrário, é um amor que liberta, que alivia, que dá descanso à alma fatigada de tantas cobranças.
E se o próprio Deus, que tem em Suas mãos todo o direito de julgar-me, escolheu amar-me, então por que razão deveria eu deixar-me definir pelo julgamento do mundo? Se fui escolhida, desejada e amada por Ele exatamente como sou, por que deveria perder-me na tentativa desesperada de corresponder às expectativas passageiras de uma sociedade que muda de opinião ao sabor do vento?
Hoje, mais do que nunca, escolho recordar esta verdade. Escolho ancorar-me nesse amor que não falha, que não se desgasta, que não se esgota. Escolho rejeitar as vozes que dizem que não sou suficiente e ouvir apenas a voz Daquele que me chama pelo nome e me diz: "Tu és minha." Escolho confiar, mesmo quando não compreendo. Escolho descansar, mesmo quando o mundo me pede pressa. Escolho viver, não para agradar a todos, mas para caminhar na segurança de que sou profundamente amada, ontem, hoje e para sempre.
E é por isso que hoje, nesta oração silenciosa que faço dentro de mim, peço a Ele que te guie, que te fortaleça e que todos os dias te lembre o quão especial és. Porque, no fim de tudo, não importa o que o mundo diz de ti. Importa apenas o que Deus sabe sobre ti. E Ele sabe: és amado. És amada. Exatamente como és.