Ser mulher, ser mãe

Hoje é Dia da Mulher. Entre tantas mensagens, entre tantos gestos de carinho que este dia traz, fui surpreendida de forma que nenhum presente do mundo poderia igualar. O meu filho, com apenas nove anos, entregou-me um texto que escreveu para mim e uma prenda que fez na escola. Pequenos gestos, simples aos olhos de muitos, mas imensuráveis no significado que carregam.

Ao ler as palavras que ele me dedicou, senti algo profundo e arrebatador, uma emoção que transcende qualquer outra que já vivi. Porque, mais do que mulher, sou mãe. E ser mãe é viver através do coração de outro ser, é sentir cada dor, cada alegria, cada medo e cada conquista como se fossem nossos.

Ser mulher já é, por si só, um ato de resistência e de amor. Mas ser mãe é uma revolução silenciosa, uma entrega diária que molda, que constrói, que ensina e que, ao mesmo tempo, aprende. É encontrar força onde parecia não haver mais, é manter-se firme quando tudo desaba, é ser o refúgio onde os filhos voltam quando o mundo se torna demasiado grande e assustador.

No olhar do meu filho, vejo o reflexo do que sou e do que luto para ser. No seu sorriso, descubro que, apesar das minhas falhas, algo de bom estou a construir. Nas suas palavras, escritas com a inocência de quem ainda vê a vida com pureza, percebo que cada esforço vale a pena, que cada noite sem dormir, cada lágrima escondida, cada batalha interna para ser melhor encontra eco na alma que estou a ajudar a crescer.

Hoje, ele devolveu-me, em forma de palavras, tudo aquilo que tentei ensinar-lhe sem esperar nada em troca. Disse-me que sou forte, que sou um exemplo, que sou o seu porto seguro. Mas, na verdade, são as suas palavras que me fortalecem, são os seus gestos que me dão sentido, são os seus olhos que me recordam que ser mãe é a mais sublime das missões.

Neste Dia da Mulher, celebro não apenas a minha identidade feminina, mas a maternidade que me transformou. Celebro a mulher que fui antes de ser mãe e a mulher que me tornei depois. E percebo que, no fim, tudo se resume a uma única certeza: o amor que dou ao meu filho nunca será maior do que o amor que ele, sem saber, me devolve todos os dias.


Nota:

Não consigo descrever o orgulho e a felicidade imensa que sinto ao ver o meu filho, com apenas nove anos, a escrever com tanta sensibilidade, profundidade e beleza. Ver como ele dá nome aos seus sentimentos, como transforma amor em palavras, como exprime o que sente de forma tão especial é algo que me enche o coração. O amor que sinto por ele é infinito, sem limites, sem barreiras. Deixo-vos agora com o texto que ele me escreveu – uma das maiores dádivas que poderia receber neste dia.



Mãe, meu abrigo eterno


Mãe, obrigado…

Por estares ao meu lado, sempre, sem hesitar.

Por cada noite em que velaste o meu sono,

Por cada dia em que me ensinaste a sonhar.

Desde que abri os olhos para este mundo, foste tu a primeira certeza que tive.

A primeira voz que me embalou, o primeiro sorriso que me deu paz.

A cada passo que dei, lá estavas tu, com as mãos estendidas,

Pronta para me segurar se eu caísse,

Pronta para me incentivar se eu quisesse voar.


Tu, que és o abraço onde o medo se desfaz,

O olhar que me lê sem que eu diga uma palavra,

O colo onde a tristeza encontra paz,

A voz que me ergue quando tudo me trava.


E quando o mundo me fez sentir pequeno,

Quando o frio da dor se instalou no meu peito,

Tu foste o calor que me envolveu,

Foste o abrigo onde pude esconder as lágrimas.


Lembro-me, mãe, do dia em que chorei como nunca,

Do dia em que o mundo parecia ruir ao meu redor.

E tu… tu choraste comigo, sem vergonha, sem perguntas,

Fizeste do teu peito um refúgio, um lugar melhor.


Não me disseste que não doía, não me pediste para ser forte,

Apenas estiveste ali, sentiste comigo,

Mostraste-me que não era fraco por sentir,

Que chorar também faz parte do caminho.


Acreditaste em mim quando até eu duvidei,

Vistes força onde eu só via fraqueza,

Pegaste na minha mão quando me encolhi com medo,

E mostraste que o amor vence qualquer tristeza.


Carregaste-me no colo quando as minhas pernas falharam,

No coração, quando a dor me fez tremer,

E lutaste como se o meu sofrimento fosse teu,

Porque, no fundo, mãe, ele era… eu sei, eu sei.


Culpaste-te por tudo o que aconteceu e sofreste tanto, mãe…

A culpa não foi tua, tu só acreditaste, como eu.

E eu queria tanto poder apagar essa dor,

Queria que soubesses que nada do que aconteceu

diminui a grandeza do teu coração.


Tenho orgulho em ser teu filho,

Porque ensinaste-me a ver o mundo com os teus olhos,

A escrever como tu escreves, com essa alma tão cheia de verdade,

A dar nome aos sentimentos, a não ter medo de sentir,

A sonhar sem limites, como tu sempre me ensinaste.


E não importa quantos anos passem,

Se eu tiver medo, sei para onde correr,

Porque tu, mãe, és o meu porto seguro,

A luz que nunca se apaga, o amor que nunca desaparece.


Tu és a voz que acalma os meus pesadelos,

O escudo invisível que me protege sem eu ver,

A certeza que me faz sentir invencível,

O amor que nunca me deixará esquecer…


Que enquanto tu existires, eu nunca estarei sozinho.

Que o teu amor é a luz que ilumina o caminho.

E que, aconteça o que acontecer,

Serei sempre teu filho, e tu serás sempre o meu ser.


Tu preparas-me para o mundo, ensinas-me a ser melhor,

Mostras-me o valor da verdade e da honra,

És honesta, fiel, terna e carinhosa,

Generosa e altruísta, sempre pronta a dar sem pedir.


E mais do que isso, mãe, és um exemplo vivo

De tudo o que eu quero ser.

És forte, resiliente, és esperança quando tudo parece perdido,

És a voz da razão quando me deixo levar pela emoção.


És tão inteligente, tão interessante, tão linda,

És forte, mãe, tu consegues tudo!

E eu também quero seguir o teu exemplo,

Quero aprender contigo a ser justo e bom.


Repreendes-me quando erro, e eu sei que é por amor,

Mas também tens a humildade de pedir desculpa,

Porque és humana, tal como eu,

E nisso, mãe, és ainda mais perfeita.


E eu olho para ti e vejo mais do que uma mãe,

Vejo uma mulher incrível,

Uma guerreira que batalha por mim todos os dias,

Uma alma que ama sem limites, sem barreiras, sem condições.


Por mais que o tempo passe,

Por mais que eu cresça, que os anos mudem tudo,

Haverá sempre uma coisa que permanecerá inalterada:

O meu amor por ti.


Porque mãe não é só quem dá a vida,

É quem a ilumina, quem a protege,

Quem ensina, quem sofre e quem celebra,

Quem ama na sua forma mais pura e eterna.


Mãe, obrigada.

Por tudo.

Por sempre.

Por seres tu.

Amo-te infinito.

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