Um Manual Definitivo para os "Enviadores" Constantes de Fotos de Seus Genitais: O Universo de Expectativas e Realidades Trágicas

 Ah, o século XXI. Nunca antes na história da humanidade tivemos tantas ferramentas para nos comunicarmos de maneira rápida, direta e global. Redes sociais, aplicativos de mensagens, câmeras potentes. E ainda assim, o homem moderno decidiu usar esse avanço para um único propósito: enviar, de forma incessante, fotos dos próprios genitais como quem distribui panfletos de pizzaria.

Vamos falar disso. Esse curioso fenômeno social. Não de uma perspectiva biológica (todos sabemos como o corpo funciona) ou tecnológica (porque, acredite, *essa câmera de 12 megapixels foi feita para capturar paisagens, não isso), mas sim da perspectiva emocional e, digamos, da profundidade psicológica – ou da ausência dela.


O Cenário do Grande Clique

Imagine a cena. Você está lá, numa terça-feira entediante, talvez entornando uma cerveja morna, talvez ajustando a antena da TV para pegar aquele canal analógico que insiste em falhar. E então vem a epifania:

"Sabe o que eu preciso fazer agora? Tirar uma foto do meu genital. Nada é mais urgente neste momento."

O pensamento talvez passe, talvez não. A coisa é deliberada: encontrar o ângulo (ou ao menos tentar), acertar a iluminação (geralmente, não consegue) e, claro, decidir que aquele resultado de aparência, digamos, dúbia, será a sua contribuição ao mundo. Sua Mona Lisa. Sua Sagrada Família.


O Ponto Alto: Esperando a Reação

Agora, aqui entra o ponto mais fascinante: o que exatamente passa pela cabeça de quem clica “enviar”? Será que esperam aplausos? Uma carta oficial da ONU reconhecendo sua coragem e beleza? Algo como:

"Oh, veja só! Finalmente encontrei aquele pedaço de anatomia que completa minha existência!"

Amigo, não. Ninguém, absolutamente ninguém, reage assim. A vida real não é filme, e a pessoa do outro lado não vai cair aos seus pés num misto de desejo e admiração. Na verdade, o mais provável é que ela segure o telemóvel com o mesmo entusiasmo que alguém segura um saco de lixo malcheiroso, murmurando um "sério isso?" antes de fechar o chat e bloqueá-lo.

Mas há outra camada aqui: a insistência. Porque, claro, se a primeira foto foi ignorada, o segredo do sucesso é mandar outra. E outra. Talvez com uma frase espirituosa como: “E aí, gostou?” – quando o mais provável é que a pessoa nem tenha clicado para ampliar a imagem, com receio de precisar de terapia depois. Provavelmente até precisou de alguma medicação para o genital pequeno olhar em frente e não para baixo, triste.


O Que Isso Diz Sobre Você?

Agora vamos falar da carência. Porque está tudo ali, na foto. Cada pixel daquela imagem é um grito silencioso:

"Por favor, me dê atenção. Valide minha existência. Eu preciso saber que algo em mim pode impressionar alguém."

Isso não é sadismo, querido, é pura constatação. Se a sua ideia de “olha como sou interessante” é essa… bem, terapia está aí para ajudar. Porque há algo profundamente solitário em depositar sua autoestima numa selfie onde nem você parece ter se empenhado muito. Nem uma aparadinha? Nem um filtrozinho? Vamos, mostre algum amor próprio ao menos.


Quem Realmente Quer Ver? (Spoiler: Ninguém)

Agora uma questão importante: quem pediu? Ninguém nunca pediu. Nem quem está num relacionamento pediu, nem sua ex, nem sua futura ex, nem alguém que você acha que vai conquistar porque respondeu "oi" no Tinder. Porque, por algum motivo ainda não desvendado pela ciência, não é atraente. Não é sexy. Não é nem engraçado – e olha que rir da desgraça alheia é passatempo mundial.

Vamos combinar que, se o cenário fosse invertido, o pânico seria geral. Imagine receber, sem aviso prévio, uma foto tão invasiva quanto malfeita de alguém que você mal conhece. A última coisa que passa na cabeça é “gratidão”. Passa mais algo como:

"Que tipo de pessoa acha isso uma boa ideia?"


De Onde Vem Tanta Confiança (ou Desespero)?

É quase admirável o nível de autoconfiança envolvido nisso tudo. Ou talvez nem seja confiança, mas sim desespero maquiado. Uma tentativa vã de atrair atenção pelo método mais direto possível. "Ei, me nota! Eu sou interessante! Olha só para... ISSO!"


A realidade? O "isso" não é nada memorável. Muito pelo contrário. Uma vez que você já viu uma má foto, já viu todas. Talvez a carência profunda tenha te feito esquecer algo essencial: se fosse algo tão impactante quanto você imagina, as pessoas já teriam falado sobre. A OMS já teria alertado. Estariam postando outdoors com o slogan “Aprecie antes que acabe”. Não é o caso.


Dicas para um Futuro Melhor (e Menos Vergonhoso)

Para terminar, aqui vão sugestões práticas:


Tire a mão do telemóvel. Literalmente e metaforicamente.

Reflita antes de clicar “enviar”: “Essa pessoa pediu isso? Ela realmente quer isso? Isso vai melhorar a vida dela ou só constranger a minha?”

Use a tecnologia para outra coisa. Mande memes. Converse. Demonstre que você tem algo além do óbvio e do deplorável para oferecer ao mundo.

Busque ajuda. Terapia, hobbies, livros, caminhadas ao ar livre. Acredite, existe vida além da necessidade urgente de aprovação alheia.

E por fim, lembre-se: cada vez que você pensa em enviar mais uma dessas fotos não solicitadas, você está desperdiçando a chance de deixar uma impressão boa na vida de alguém.

Bloqueios permanentes não são forma de amor.

E uma mulher casada já viu como é a genitália masculina, provavelmente a que vê é mais apresentável.

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