Dentro de Nós

 O Valor das Virtudes e a Luta Interior: Reflexões Sobre Sentimentos e Conexões que Transformam


Viver é, sem dúvida, um exercício contínuo de aprendizagem, reflexão e superação. À medida que navegamos pelas complexidades das nossas emoções e relacionamentos, encontramos em nós mesmas as maiores fontes de questionamento e, paradoxalmente, de esperança. Escrever estas palavras é, por si só, um ato de introspecção e vulnerabilidade, pois desejo tocar não apenas o coração de quem lê, mas também suscitar um diálogo sincero sobre o que nos faz humanas e nos aproxima umas das outras.

Tenho refletido profundamente sobre os sentimentos que nos definem. Amizade, carinho, amor, compaixão, empatia, altruísmo e generosidade são alicerces essenciais, virtudes que nos elevam acima das adversidades. São forças que constroem pontes entre as almas, alimentam os nossos dias de significado e, por vezes, preenchem o vazio que tantas circunstâncias da vida podem deixar. Contudo, também convivemos com o seu oposto: frieza, ressentimento, egoísmo e orgulho desmedido. Entre esses extremos, movimentamo-nos como quem atravessa um campo de batalhas, onde as feridas visíveis frequentemente são as menores, comparadas com aquelas que escondemos no âmago.

A fé, sobretudo para quem professa o catolicismo como eu, surge como um farol nesse percurso sinuoso. Encontro nas Escrituras Sagradas uma orientação preciosa, que incentivame a não rebaixar as dificuldades que enfrento, mas a enfrentá-las de cabeça erguida, honrando as virtudes que Cristo nos ensinou. O perdão, a paciência e a entrega ao bem comum não são apenas ideais; são desafios diários para quem deseja viver segundo esses princípios.

É impossível abordar tudo isto sem pensar na decepção, essa sombra inevitável que acompanha a convivência humana. Já experienciei desilusões que me feriram de formas que palavras não conseguem captar. Às vezes, a decepção surge na quebra de uma confiança depositada; outras vezes, é dirigida para mim mesma, por não ter agido como esperava. É nesses momentos que percebo que a verdadeira luta é contra os monstros que habitam dentro de nós: orgulho, angústia, frustração e até mesmo o medo de nos reconhecermos vulneráveis.

Mas lutar não significa anular ou reprimir. Pelo contrário, é entender que essas lutas internas são uma oportunidade de transformação. Aprendi que é preciso abraçar as sombras, dar nome às feras internas, e, com fé e disciplina, redirecioná-las. Quando deixamos que as virtudes prevaleçam, mesmo entre tropeços e quedas, conseguimos florescer novamente.

Nesse percurso, as amizades têm um papel transcendental. Existe algo quase divino na forma como certas pessoas entram na nossa vida, preenchendo espaços que nem sabíamos que estavam vazios. Acredito que Deus nos presenteia com almas que nos completam e nos resgatam. Há amizades que são mais do que encontros humanos; são missões espirituais. Carrego comigo algumas delas como âncoras, mesmo quando o tempo ou as circunstâncias tentaram distanciar-nos, permanecemos. Não é maravilhoso como uma conversa com uma amiga querida, por mais breve que seja, pode reacender essa centelha?

Escrevo na esperança de que estas palavras sirvam para reencontros e reflexões. Há tanto que ainda quero aprender sobre sentimentos, virtudes e a coragem necessária para viver alinhada ao que creio. Se esta reflexão encontrou eco no coração de alguém, desejo que saibam que devem estar abertos a continuar o diálogo,  encontrem reconciliação, seja na partilha de histórias, na busca por respostas, ou simplesmente no reconforto mútuo. As almas predestinadas a entre ajudarem- se devem estar juntas de forma a caminharem e evoluírem.

Finalizo com uma prece silenciosa para que continuemos a construir pontes, seguindo os valores que elevam a alma. Porque, como leio tantas vezes nas Escrituras, é no amor — ao próximo, a Deus e a nós mesmos — que encontraremos a plenitude.

Com gratidão,

Uma aprendiz das virtudes da vida.

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