Despeço-me com Classe
Eu coleciono insultos, números de telemóvel, mensagens e fotografias de coisas pequenas, feias e mal cuidadas. Eu recebo áudios, sons, diálogos – um catálogo patético de decadência que tu e os teus mantêm em circulação. Estranho como as alianças que crias são feitas de veneno, um círculo de ligações que só sobrevivem porque todos têm algo de sujo para compartilhar. Quem diria que eu assistiria a tudo isto de camarote, com as peças à vista? Posso ser mais direta, se é isso que queres.
Posso falar em concreto, posso arrancar o véu das metáforas e ir direto ao que interessa. Já pensaste como te sentirias se eu aparecesse no lugar onde o teu filho está.
Se eu mostrasse provas concretas e contundentes do que fazes?
Não ameaças vazias, não rumores, mas fatos. Imaginas a cara que farias perante todos os que acreditam em ti? Imagina enfrentares acusações sérias, ali, naquele ambiente onde todos te observam. Imagina o olhar das pessoas que lá estão – como explicarias, como carregarias o peso? Não sentirias a injustiça de ser acusado, humilhado, observado, sem nada poder fazer?
Não sentirias na pele o que eu senti tantas vezes?
Porque eu senti. E foi algo que tu jamais irás compreender – essa ferida aberta pela falsidade, pelas palavras que cortam sem propósito a não ser ferir. Eu sei que lês tudo o que escrevo, mas parece que não aprendes nada. Já pensaste em retirar algo disto, em absorver uma migalha de humanidade? Ou será que és mesmo incapaz de te olhares ao espelho e ver o que eu vejo?
Eu não farei nada. Escuta bem isso: eu não farei nada. Vou ficar aqui, na minha vida que tanto gostas de desprezar – a parasita, como tu dizes. Vou estar sozinha, a praticar todas essas coisas que espalhas aos quatro ventos, enquanto finges ser maior do que és. Mas não te esqueças de uma coisa: eu sei quem te acompanha. Eu sei de onde vieram e o que fizeram. Tanta falsidade! Fazem juntos ou tiveram todos a ideia de aproveitar para deitarem para fora a mágoa e raiva que sentem. Grata por fazerem, estou melhor e a criança inocente que tanto falam, um génio em temos comparativos, a ti. Nem sequer vou falar de ti. Não preciso. O vazio da tua vida fala por si.
De ti, caro anónimo e as tuas cúmplices, até nunca mais. Eu não preciso de continuar esta troca suja. Mas lembra-te disto: a sombra das coisas que fizeste e do que fazes não desaparecerá.
Espero que este texto cumpra o propósito de lerem e compreenderem que algo mudou. Existe certeza e prova. O meu telemóvel foi exorcizado, o WhatsApp foi iluminado . Por isso despeço-me com classe.