Ecos da Eternidade
Os meus sonhos são como estrelas que brilham em galáxias distantes. Resguardam-se no silêncio profundo da noite, embalados pela serenidade da escuridão e pela promessa do infinito. São eles que me guiam, que iluminam os trilhos incertos por onde ouso caminhar, confiando que, ainda que longínquo o destino, ele existe. Sei que o tempo não apaga o que mora na essência do meu ser.
Sonho com o toque suave do vento na minha face, uma carícia etérea que me lembra da efemeridade de cada momento. Oiço, em sussurros distantes, o cântico do mar, guardião de segredos tão antigos quanto o próprio mundo, e sinto o apelo de algo maior: um amor que não perece, que não se curva ao império das horas. Sonho também com a paz, não aquela que é mera ausência de conflito, mas aquela que reside na profundidade do meu desejo, em sincronia com a serenidade do universo.
Os meus sonhos não são apenas etéreos; são coloridos, vibrantes, compõem-se de matizes de luz e de sombras. Vivem na partilha de risos espontâneos, no eco de promessas trocadas em olhares profundos, na melodia do coração que pulsa sem descompasso, impregnado de esperança. Há uma intensidade neles, uma certeza quase absurda de que o mundo conspira a favor dos que acreditam, dos que persistem.
Sonho, acima de tudo, com liberdade. Com a coragem de ser apenas eu, despida de medos, longe das sombras que tantas vezes se alimentam da dúvida. Quero ser plena na minha verdade, sólida e líquida ao mesmo tempo. Sei que cada passo que dou – por mais titubeante que pareça – é uma peça essencial da jornada que me conduz ao que verdadeiramente me pertence.
E mesmo quando o caminho se estende à minha frente em linhas sinuosas, marcadas por incertezas, nunca deixo de sonhar. Porque sei, no íntimo da minha alma, que um dia as linhas paralelas do meu mundo interior e do universo exterior se cruzarão. Sei que os meus sonhos, alimentados pela esperança, pela determinação e pela fé inquebrantável, encontrarão a matéria de que é feita a realidade. Nesse encontro perfeito, sou eu quem se completa.
Os meus sonhos entrelaçam-se na grandiosidade da natureza, numa harmonia que me envolve como um manto de ternura. É nos segredos dos campos verdes e na dança serena das árvores ao vento que encontro refúgio. Amo o pôr do sol que se despede lentamente, banhando tudo num dourado efémero, lembrando-me da beleza de cada momento transitório. Sinto o perfume da terra molhada, ouço o canto suave dos rios que, ao fluir, me falam de continuidade e renovação. Cada elemento é um convite para a minha alma respirar em paz, para celebrar o milagre da criação que é reflexo do divino.
E há algo na amizade, esse presente quase sagrado, que me ergue nas horas em que o peso da vida parece insuportável. É no ombro de quem me entende sem palavras, na mão estendida num momento de desespero, que sinto o pulsar do amor humano em toda a sua grandeza. Os laços que construí ao longo do tempo são como redes que me amparam, que me relembram que não estou sozinha, pois partilho o fardo e a alegria com corações que me são preciosos.
O amor dos meus filhos é, para mim, uma dádiva divina, uma luz que guia os meus passos e dá sentido a tudo o que sou e faço. Nos olhos deles, encontro uma parte da eternidade – aquela que vive no amor que é incondicional, puro e infinito. Cada sorriso deles é um sopro de vida, cada conquista, uma vitória que aquece o meu coração. Sei que, ao amá-los, toco um vislumbre do amor de Deus, esse amor maior que abraça o mundo inteiro.
A minha comunidade católica é o meu lar espiritual, o porto onde encontro forças para seguir em frente. Nas orações murmuradas em conjunto, na comunhão silenciosa dos olhares durante a Eucaristia, sinto a presença divina, a certeza de que não há queda de que Cristo não me possa levantar. É na fé que descubro que todas as dores e desafios têm sentido, que a cruz que carrego, por mais pesada, é parte do meu caminho para o alto.
Aceito a dor porque compreendo que ela é o fogo que purifica, que consome o supérfluo e deixa apenas o essencial. Ela molda a minha alma, suaviza os cantos ásperos e abre espaço para algo maior: uma transformação que só é possível quando abraço o sofrimento com fé e humildade. Cada lágrima que deixo cair rega a terra do meu espírito, permitindo que floresçam força, compaixão e gratidão.
Por fim, olho para a realidade inescapável do fim, não com medo, mas com serenidade. Sei que cada partida faz parte de um ciclo maior, um círculo sagrado que se completa. Não temo o inevitável porque reconheço nele uma ponte, não uma parede. Acreditar no ressurgir da alma é o que me consola, pois sei que ao final da jornada terrestre há um reencontro. E assim, viverei até o último suspiro como as estrelas no céu: brilhando no meio da escuridão, com a certeza de que, mesmo ao desaparecer, o meu brilho perdurará no amor que plantei e no bem que deixei no coração de quem me acompanhou.