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A mostrar mensagens de janeiro, 2025

Peregrinação de Fé e Missão

 Amanhã darei o primeiro passo numa jornada que transcende o simples ato de caminhar. Será a primeira reunião de peregrinos de Fernão Ferro, e ainda não sei ao certo quem nos conduzirá até lá. Contudo, mais importante do que os detalhes logísticos é a certeza de que esta peregrinação será profundamente especial para mim, pois não caminho apenas como peregrina no sentido físico, mas também como catequizanda e, acima de tudo, como mensageira de Fátima. Levo comigo muito mais do que os meus próprios anseios e intenções. No coração e na alma, carrego os pedidos e as preces de todas as crianças da catequese, daqueles que, na sua pureza e inocência, depositam em mim a confiança de que suas orações chegarão ao colo terno de Nossa Senhora. Carrego também os rogos e desejos de seus pais, que, entre esperanças e angústias, buscam refúgio na intercessão da Virgem Maria. E levo, com especial carinho, os pedidos da minha querida amiga, que, confiando na minha missão, me entregou um pouco do seu...

O segredo da saudade.

 As maiores saudades não se encontram em fotografias antigas ou em postais envelhecidos pelo tempo. Não residem em objectos, por mais impregnados de memórias que possam estar. A saudade verdadeira, aquela que se instala no âmago da alma, não precisa de imagem nem de palavra escrita; ela vive, pulsa e cresce no coração. E eu sei-o bem, pois trago dentro de mim um universo inteiro de ausências que me definem tanto quanto as presenças que um dia moldei na minha existência. A saudade não é apenas a falta de algo ou de alguém. É um sussurro contínuo que ecoa nas entranhas da memória, uma melodia sem fim que persiste mesmo quando já julgávamos ter esquecido a letra. É um vazio paradoxalmente cheio, um espaço imenso habitado por rostos, vozes e gestos que o tempo, por mais implacável que se julgue, jamais poderá apagar. Não há fotografia que consiga capturar o perfume do cabelo de quem um dia nos abraçou. Nenhuma imagem poderá devolver o calor das mãos que seguraram as nossas em momentos ...

O Livro de Zacarias

O Livro de Zacarias é um dos livros proféticos menores do Antigo Testamento, e seu conteúdo aborda tanto os desafios enfrentados pelos judeus após o exílio babilônico, quanto uma série de visões proféticas que destacam o juízo divino, mas também revelam a grande esperança de restauração e a vinda do Messias. Zacarias, um profeta pós-exílico, compartilha as visões e promessas de Deus para o futuro de Israel, encorajando o povo a continuar a reconstrução do templo e a renovar sua fidelidade a Deus. Este livro traz uma mensagem de consolo, de exortação à pureza espiritual e de esperança messiânica que se cumpre parcialmente na primeira vinda de Cristo e será plenamente consumada em Sua segunda vinda. Estrutura do Livro de Zacarias O Livro de Zacarias pode ser dividido da seguinte maneira: Capítulos 1-8: Visões e Exortações Zacarias começa o livro com uma série de oito visões simbólicas. Essas visões são voltadas para o encorajamento do povo de Israel e a reconstrução do templo, bem como a...

Escolas...

 Hoje, ao abrir o e-mail do blog, encontrei diversas mensagens recentes pedindo minha opinião sincera sobre mais um caso de violência numa escola. A cada novo relato, confirmo algo que há muito tempo já percebi: o problema não está apenas nos alunos que agridem ou nas vítimas que sofrem, mas sim no sistema que se recusa a lidar com a realidade. As escolas continuam a agir como se fossem fortalezas inquestionáveis, os pais oscilam entre a omissão e a indignação ineficaz, e a sociedade mantém um discurso vazio sobre a importância da educação sem realmente construir soluções. O que acontece entre os muros escolares é apenas o reflexo de um mundo que perdeu a capacidade de dialogar, de assumir responsabilidades e de, acima de tudo, proteger as crianças. A realidade das escolas reflete a sociedade onde estão inseridas. O discurso sobre educação, respeito e empatia frequentemente esbarra na hipocrisia e na omissão. Pais culpam a escola, a escola culpa os pais ou as autarquias e no meio d...

O Livro de Ageu

O Livro de Ageu é um dos menores livros proféticos do Antigo Testamento, mas, apesar de sua brevidade, contém uma mensagem profunda sobre a prioridade de restaurar o templo de Deus em Jerusalém e as implicações dessa restauração para o povo de Israel. Ageu profetizou em um período pós-exílio, após o retorno dos judeus de Babilônia, quando a nação enfrentava dificuldades em retomar a adoração adequada a Deus. Seu ministério é centrado no chamado ao arrependimento, à reconciliação com Deus e à ação de reconstruir o templo, um símbolo fundamental da presença de Deus no meio do Seu povo. Estrutura do Livro de Ageu O Livro de Ageu é conciso e pode ser dividido em quatro breves seções: Capítulo 1: A Chamada à Reconstrução do Templo Ageu começa seu ministério profético com uma dura mensagem para os governantes e o povo de Israel, alertando-os sobre o fato de que estavam colocando seus próprios interesses antes da obra de Deus. O templo de Jerusalém permanecia em ruínas, e Ageu os convoca a ab...

Publico Menos, Vivo Mais

 Tenho escrito menos? Não. Tenho refletido menos? Também não. A minha vida não se tornou mais pobre em leituras, em música, em filmes, em encontros com amigos ou em momentos preciosos com a minha família. O que acontece é simples: publico menos. Muitos que me leem conhecem-me para além das palavras que partilho. Outros, a maioria, não. Mas para quem acompanha o que escrevo, há uma certeza: todos os textos são sinceros. Escrevo sobre o que vejo, ouço, leio e vivo. Escrevo sobre a Bíblia. Um projeto que abracei foi trazer pequenas reflexões sobre cada um dos livros da Bíblia Católica. Falar da minha fé, a fé que professo, e desfazer equívocos que, tantas vezes, são lançados sobre aquilo que significa ser católica. Sei que não sou santa – longe disso –, mas não uso as minhas imperfeições como desculpa. Se a santidade é um ideal, então que seja também um caminho. Uma das ideias erradas que me esforço por esclarecer é a de que os católicos praticam idolatria. Não, não adoramos santos. N...

O Livro de Sofonias

O Livro de Sofonias é um dos chamados livros proféticos menores do Antigo Testamento. Nele, o profeta Sofonias transmite uma mensagem de juízo divino contra Judá e as nações vizinhas, destacando o fim da corrupção e do pecado, e a restauração futura de Israel. O tema central de Sofonias é o dia do Senhor, um momento de julgamento para os ímpios, mas também de esperança e restauração para os justos. Sofonias exorta ao arrependimento e destaca a fidelidade de Deus com o Seu povo, apontando tanto para a destruição como para a promessa de restauração. Estrutura do Livro de Sofonias O Livro de Sofonias pode ser dividido da seguinte forma: Capítulo 1: O Juízo de Deus sobre Judá e as Nações Neste capítulo, o profeta começa anunciando um juízo iminente contra Judá e todas as nações. Sofonias destaca a corrupção do reino de Judá e os pecados que o levarão a sofrer as consequências do juízo divino. A ideia do "Dia do Senhor" começa a ser introduzida como um evento cataclísmico, em que ...

O Livro de Habacuque

O Livro de Habacuque é um dos livros mais intrigantes do Antigo Testamento, destacando-se pela reflexão profunda sobre o problema do mal e o sofrimento humano. Habacuque, o profeta, questiona Deus a respeito do motivo de permitir que os ímpios prevaleçam e que os justos sofram. O livro é uma conversa direta entre o profeta e Deus, onde são expostos questionamentos sobre a justiça divina, mas também se revela uma resposta que enfatiza a fé em meio às adversidades. Habacuque fornece uma visão crucial da confiança em Deus e da necessidade de viver pela fé, independentemente das circunstâncias. Estrutura do Livro de Habacuque O Livro de Habacuque é bastante curto e pode ser estruturado da seguinte forma: Capítulo 1: O Questionamento do Profeta O livro começa com Habacuque expressando suas queixas a Deus. Ele vê a injustiça prevalecendo em Judá e questiona o porquê Deus permite que os ímpios prevaleçam. A resposta de Deus é reveladora: Ele está levantando os babilônios (caldeus) como instru...

A Plenitude do Sentir: Entre a Dor e o Prazer

 Se a dor fosse crime, eu, que me movo entre os contornos escurecidos do quotidiano, estaria algemada a um destino que não conheço, vagando pelas ruas como um espectro condenado. As minhas vestes seriam de tecido grosseiro, padronizadas pelo infortúnio, talvez num xadrez que me roubasse a identidade, enquanto os meus pés, incansáveis, se perderiam em caminhos feitos de pedra fria e ignorância. Não carregaria corpo, nem carne, nem matéria alguma para obedecer-me; seria apenas alma, essa substância intangível e imortal que desafia tanto o tempo quanto a compreensão. Talvez o que agora ressoa nas profundezas do meu peito, ecoando como um lamento abafado, fosse nesse cenário uma prova do meu delito. Porque que outro crime mais atroz poderia haver do que sentir? Sentir, em toda a sua pungência, é por vezes um acto subversivo, quase criminoso, porque nos liberta das limitações do real e mergulha-nos em um abismo onde razão e caos coexistem. Na sociedade das almas, quem é mais perigoso do...

Entre Fé e Família

 Acordei cedo neste dia especial, como é meu costume nos dias de catequese. Escolhi cuidadosamente uma das roupas que reservo para as ocasiões em que me dirijo à casa do Pai. Afinal, é um momento de encontro sagrado, não apenas comigo mesma, mas com a comunidade de fé. Sempre achei que não basta comparecer à missa; há algo de profundamente espiritual em apresentar-me perante o altar com reverência, com um cuidado que reflete o respeito que tenho por este momento. Para mim, vestir-me das minhas melhores roupas não é vaidade, mas uma espécie de oração silenciosa, um gesto de gratidão. Estar na igreja é uma experiência transformadora. Há ali algo que me lembra da minha própria humanidade: sou falível, imperfeita, mas também sou digna do amor divino. O que mais me encanta é ouvir o catequista, este homem que compreendeu o verdadeiro significado das escrituras. Ele fala de falhas humanas com a delicadeza de quem reconhece que todos erramos, de quem não se apressa a endemonizar os outros...

Dentro de Nós

 O Valor das Virtudes e a Luta Interior: Reflexões Sobre Sentimentos e Conexões que Transformam Viver é, sem dúvida, um exercício contínuo de aprendizagem, reflexão e superação. À medida que navegamos pelas complexidades das nossas emoções e relacionamentos, encontramos em nós mesmas as maiores fontes de questionamento e, paradoxalmente, de esperança. Escrever estas palavras é, por si só, um ato de introspecção e vulnerabilidade, pois desejo tocar não apenas o coração de quem lê, mas também suscitar um diálogo sincero sobre o que nos faz humanas e nos aproxima umas das outras. Tenho refletido profundamente sobre os sentimentos que nos definem. Amizade, carinho, amor, compaixão, empatia, altruísmo e generosidade são alicerces essenciais, virtudes que nos elevam acima das adversidades. São forças que constroem pontes entre as almas, alimentam os nossos dias de significado e, por vezes, preenchem o vazio que tantas circunstâncias da vida podem deixar. Contudo, também convivemos com o ...

Despeço-me com Classe

 Eu coleciono insultos, números de telemóvel, mensagens e fotografias de coisas pequenas, feias e mal cuidadas. Eu recebo áudios, sons, diálogos – um catálogo patético de decadência que tu e os teus mantêm em circulação. Estranho como as alianças que crias são feitas de veneno, um círculo de ligações que só sobrevivem porque todos têm algo de sujo para compartilhar. Quem diria que eu assistiria a tudo isto de camarote, com as peças à vista? Posso ser mais direta, se é isso que queres. Posso falar em concreto, posso arrancar o véu das metáforas e ir direto ao que interessa. Já pensaste como te sentirias se eu aparecesse no lugar onde o teu filho está.  Se eu mostrasse provas concretas e contundentes do que fazes?  Não ameaças vazias, não rumores, mas fatos. Imaginas a cara que farias perante todos os que acreditam em ti? Imagina enfrentares acusações sérias, ali, naquele ambiente onde todos te observam. Imagina o olhar das pessoas que lá estão – como explicarias, como carr...

O Milagre do Caminho

 Rumo ao Santuário de Fátima: A Minha Jornada de Fé Cada passo que darei nesta peregrinação é um grito de fé, um eco da minha alma para o céu. Este ano, mais do que em qualquer outro, sinto que este caminho guarda algo especial. Talvez seja o último, talvez seja o mais significativo. Ninguém sabe o futuro, mas sei que o presente carrega em si a centelha divina do propósito. Vou, não apenas pelos meus próprios anseios, mas como mensageira de Fátima, levando comigo os pedidos, as dores, as esperanças e os sonhos de tantos que confiam em Nossa Senhora. Curioso como Deus escreve nas linhas que a nossa humanidade considera tortas: quem diria que desta vez seria acompanhada por alguém tão especial, uma moça afável, cheia de vida e bondade, com quem terei a honra de partilhar esta jornada? Não lhe disse ainda, talvez deva… Talvez quando os nossos pés alcançarem o Santuário, quando o manto espiritual de Maria envolver cada um dos peregrinos, encontre as palavras para lhe contar quão signif...

Entre Dualidades.

 Levanto-me devagar, com o peso de quem carrega não apenas um corpo, mas uma alma que, por vezes, parece fatigada de existir. Os dias começam quase todos iguais, uma batalha silenciosa contra o que me arrasta para baixo e o que ainda me empurra para cima. Não falo, penso. Escrevo. E o que escrevo não é para o mundo, porque o mundo, muitas vezes, não compreende. Escrevo para mim, como quem tenta desemaranhar os próprios pensamentos. Houve um tempo em que as dores eram tantas que preferi não senti-las, anestesiei-me na recusa de as enfrentar. Mas a dor, essa estranha presença, sabe como se infiltrar nas frestas. Até que percebi: só vencemos aquilo que temos coragem de nomear. E, assim, enfrentei. Descobri que viver exige mais do que existir, exige uma vontade feroz de encontrar sentido nos dias — mesmo que breves, mesmo que feridos. A minha saúde? Nem me pertence mais. É uma coisa precária, frágil, caprichosa, que decidi proteger como quem guarda a última chama numa ventania. Faço o ...

Resistir Sendo Eu

 Ainda me lembro do dia em que comecei a perceber o peso das opiniões alheias. Não porque essas opiniões fossem necessariamente acertadas, ou mesmo construtivas, mas porque havia algo nelas que insistia em se cravar na minha pele como espinhos de uma roseira selvagem. Diziam que eu era "demasiado". Demasiado intensa, demasiado expressiva, demasiado diferente. Outros argumentavam que, afinal, eu era "demasiado pouco": pouco conformista, pouco dócil, pouco semelhante ao que esperavam que eu fosse. Parei um instante e refleti. Não estava perante uma questão de "demais" ou "de menos", mas sim perante um conflito essencial: o de existir fora do padrão, de ser um desvio feliz das linhas que a sociedade insiste em desenhar. E que dor é, para muitos, encontrar quem se atreva a viver assim — sem pedir desculpa pela autenticidade. É nisso que reside a razão de tanto ódio, de tanto incómodo que, não raras vezes, é expresso sob a forma de críticas, ataques o...

O Erro Fatal

 As peças de um puzzle, à primeira vista desordenadas, desafiam-nos com o mistério do que falta, do que não conseguimos enxergar. Às vezes, por dias, meses ou até anos, o quadro da nossa vida permanece incompleto, como se aguardasse o momento exato em que um detalhe, uma palavra, se encaixasse e revelasse o todo. A clareza não vem do caos, mas de um instante inesperado – uma frase dita, ou mais potente ainda, uma frase escrita, direcionada a nós, como um golpe preciso na inércia dos pensamentos. "Parece uma senhora." Foi isso. Três palavras e o eco que desencadearam mudou tudo. Como se, de repente, um fio perdido fosse puxado, desvendando um desenho não abstrato, mas concreto, quase cruel. Olhar para esse auto-retrato, construído por pinceladas que antes julgávamos irrelevantes, exige coragem. Primeiro, negamos. Depois, enxergamos. Reconhecemos. Até em reflexos fugazes no espelho. Uma vergonha que não deveria ser nossa, mas é. Pior que isso: uma vergonha usada e moldada como ...

Ecos da Eternidade

 Os meus sonhos são como estrelas que brilham em galáxias distantes. Resguardam-se no silêncio profundo da noite, embalados pela serenidade da escuridão e pela promessa do infinito. São eles que me guiam, que iluminam os trilhos incertos por onde ouso caminhar, confiando que, ainda que longínquo o destino, ele existe. Sei que o tempo não apaga o que mora na essência do meu ser. Sonho com o toque suave do vento na minha face, uma carícia etérea que me lembra da efemeridade de cada momento. Oiço, em sussurros distantes, o cântico do mar, guardião de segredos tão antigos quanto o próprio mundo, e sinto o apelo de algo maior: um amor que não perece, que não se curva ao império das horas. Sonho também com a paz, não aquela que é mera ausência de conflito, mas aquela que reside na profundidade do meu desejo, em sincronia com a serenidade do universo. Os meus sonhos não são apenas etéreos; são coloridos, vibrantes, compõem-se de matizes de luz e de sombras. Vivem na partilha de risos espo...

Um Manual Definitivo para os "Enviadores" Constantes de Fotos de Seus Genitais: O Universo de Expectativas e Realidades Trágicas

 Ah, o século XXI. Nunca antes na história da humanidade tivemos tantas ferramentas para nos comunicarmos de maneira rápida, direta e global. Redes sociais, aplicativos de mensagens, câmeras potentes. E ainda assim, o homem moderno decidiu usar esse avanço para um único propósito: enviar, de forma incessante, fotos dos próprios genitais como quem distribui panfletos de pizzaria. Vamos falar disso. Esse curioso fenômeno social. Não de uma perspectiva biológica (todos sabemos como o corpo funciona) ou tecnológica (porque, acredite, *essa câmera de 12 megapixels foi feita para capturar paisagens, não isso), mas sim da perspectiva emocional e, digamos, da profundidade psicológica – ou da ausência dela. O Cenário do Grande Clique Imagine a cena. Você está lá, numa terça-feira entediante, talvez entornando uma cerveja morna, talvez ajustando a antena da TV para pegar aquele canal analógico que insiste em falhar. E então vem a epifania: "Sabe o que eu preciso fazer agora? Tirar uma foto ...